Na tarde da última sexta-feira (19), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) participou de uma reunião histórica, chamada de “Diálogos com o Presidente Lula”, no Armazém do Campo ( local em que são comercializados especialmente produtos orgânicos produzidos por movimentos populares como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em São Paulo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), organizada pela Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e Fórum das Centrais Sindicais. O evento, que reuniu cerca de 70 líderes de diversas organizações, foi um espaço essencial para o diálogo direto entre as bases sociais e o governo. Representando a CTB estiveram na reunião o presidente Adilson Araújo e o secretário de Relações Internacionais, Nivaldo Santana.
Pelo governo, além do presidente Lula, participaram o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, também estava presente.
Diálogo em Pauta
Durante a reunião, lideranças como Adilson Araújo, presidente da CTB, enfatizaram a necessidade urgente de confrontar o poder econômico desregulado, simbolizado pelos “Deus Mercado” que, segundo ele, estão desconectados das realidades cotidianas enfrentadas pela população. Araújo propôs medidas como a redução das taxas de juros, a reestruturação da dívida pública e uma reforma tributária progressiva que inclua a taxação de grandes fortunas e dividendos. “Presidente Lula precisamos enfrentar o ‘Deus Mercado’, esses bilionários que não sabem quanto custa o quilo do feijão no supermercado. O déficit zero serve como elemento de pressão do mercado financeiro e da mídia burguesa, que insistentemente cobram do nosso Governo cortar gastos e reduzir os investimentos sociais. Ao contrário disto, defendemos o corte substancial das taxas de juros, a reestruturação da dívida pública e a redução das despesas financeiras. Como complemento, lutamos por uma reforma tributária que institua a taxação das grandes fortunas, dos dividendos e das remessas de lucros ao exterior pelas multinacionais. Devemos cortar na carne dos ricos e não mais na dos trabalhadores e trabalhadoras que sobrevivem com grandes dificuldades e enfrentam graves problemas de saúde e carência de assistência social. Queremos um Brasil reindustrializado, potencialmente capaz de desenvolver forças produtivas, gerar empregos, e promover o bem estar social”, disse Adilson Araújo.
Juvandia Moreira, representante do Fórum das Centrais, destacou a importância da reunião como um sinal claro de democracia, elogiando a abertura do presidente Lula em ouvir as demandas das classes trabalhadoras e sindicais. Ela enfatizou que muitas das propostas apresentadas anteriormente foram atendidas pelo governo, incluindo políticas voltadas para o salário mínimo e a isenção do imposto de renda para faixas salariais mais baixas. “Nós entregamos ao presidente Lula na eleição, a pauta da classe trabalhadora que foi aprovada em assembleia, e fazendo um balanço dessa pauta temos a felicidade de ver que muitos pontos dessa pauta foram atendidos pelo Governo, como a retomada da política do salário mínimo, em especial para mulheres e mulheres negras, a política de ampliação da isenção do imposto de renda da faixa inicial dos salários importantíssimos para a trabalhadora e trabalhador que ganha menos…e tem uma coisa mais importante ainda que é o presidente da república vir ao encontro com o movimento social e sindical pra ouvir a gente, coisa impensável no governo anterior, isso é democracia!”, enfaztizou Juvandia Moreira.
Perspectivas e desafios
Nivaldo Santana, secretário de Relações Internacionais da CTB, compartilhou a perspectiva otimista do presidente Lula em relação aos indicadores econômicos e sociais positivos, ao mesmo tempo em que reconheceu os desafios políticos de um governo minoritário no Congresso. Nivaldo Santana reiterou a determinação do presidente em seguir adiante com suas políticas, confiante de que elas trarão melhorias significativas para a vida do povo brasileiro. “Reunião importante por permitir um diálogo aberto e franco dos movimentos sindical e sociais com o presidente Lula e seus ministros. Em sua fala, o presidente se disse otimista, apresentou indicadores positivos nas áreas econômica e social, mas reconheceu dificuldades, uma delas é não ter maioria no Congresso e ser obrigado a negociar cada medida. Mas reafirmou a convicção de que o seu governo vai dar certo e a vida do povo vai melhorar”, concluiu Nivaldo Santana.
A reunião não apenas reafirmou o compromisso do governo Lula com as classes trabalhadoras e movimentos sociais, mas também ressaltou a importância do diálogo contínuo e inclusivo para o avanço de políticas que promovam o desenvolvimento econômico justo e a inclusão social no Brasil. Para os participantes, foi um momento de avaliação positiva e de renovação do compromisso mútuo em buscar soluções para os desafios enfrentados pelo país.
Este encontro não apenas fortalece a relação entre governo e sociedade civil, mas também estabelece um precedente para uma governança participativa e democrática, onde as vozes das bases sociais são não apenas ouvidas, mas ativamente consideradas na formulação de políticas públicas.
www.ctb.org.br/Fotos: Marcela Rodrigues – CTB.