As centrais sindicais convocaram uma manifestação nacional pela redução das taxas de juros para o próximo dia 30 julho, com atos em todos os estados e cidades onde o Banco Central (BC) possui agências.
Para o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, “trata-se de uma luta central para o movimento sindical e para a classe trabalhadora.”
Adilson destaca que “as altas taxas de juros reais praticadas em nosso país deprime o consumo e os investimentos, impacta de forma negativa o orçamento público e constituem, por tudo isto, um grande obstáculo ao crescimento da economia, redução do desemprego, combate à pobreza e elevação do bem estar social”.
No ano passado, segundo informações do Ministério do Planejamento e do Banco Central, as despesas do governo federal com juros superaram os gastos somados dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento e Assistência Social — responsável pelo Bolsa Família.
Enquanto o pagamento de juros da dívida pública do governo federal chegou a R$ 614,55 bilhões em 2023 – superando os valores gastos em relação a 2022, quando os juros subtraíram R$ 503 bilhões do orçamento da União –, as despesas pagas pelo Ministério da Saúde (R$ 170,26 bi), pelo Ministério da Educação (R$ 142,57 bi) e pelo Ministério do Desenvolvimento Social (R$ 265,291) chegaram a apenas R$ 578,13 bilhões.
Para as centrais, a interrupção do processo de redução da taxa Selic e sua manutenção em 10,5%, configurando o 2º maior juro real do mundo, é um entrave para o setor produtivo, para a geração de empregos decentes e para o consumo das famílias brasileiras. Os bancos, por sua vez, lucraram R$ 26 bilhões em um único trimestre.
“A alta taxa só beneficia a especulação e o rentismo. Ela restringe o potencial de crescimento do país e diminui a capacidade de investimentos em serviços públicos essenciais como educação, saúde e infraestrutura, uma vez que obriga o governo a pagar mais juros pela dívida pública”, diz a CTB em comunicado.
As entidades destacam que a orientação do atual presidente do Banco Central, Campos Neto, herança do desgoverno Bolsonaro, vai no sentido inverso, de manter a taxa de juros alta em benefício dos rentistas.
“Baixar os juros é fundamental para a retomada do crescimento sustentável, com inclusão do povo trabalhador na economia para além da mera subsistência. A taxa de juros mais baixa proporciona crédito mais acessível para pessoas e empresas; incentiva o consumo; previne a inadimplência e incrementa investimentos em pequenas e médias empresas, entre outros”, continua o texto.
Diante desse contexto, as centrais redobram os esforços para pressionar o BC a continuar reduzindo a taxa de juros. Em São Paulo, concentração terá início às 10 horas diante do Banco Central na Avenida Paulista.
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