O dado aparentemente bom esconde o racismo que a população negra enfrenta diariamente, desde muito cedo. Sem oportunidade no mercado de trabalho formal, muitas pessoas tentam sobreviver abrindo um negócio.
Cresceu o número de pessoas donas de negócios que se autodeclaram negras. De um contingente de 29,3 milhões de empreendedores, 15,2 milhões (53%) são pretas ou pardas, aponta dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do terceiro trimestre de 2023.
O dado aparentemente bom esconde o racismo que a população negra enfrenta diariamente, desde muito cedo. Sem oportunidade no mercado de trabalho formal, muitas pessoas tentam sobreviver abrindo um negócio.
Mas, muitas vezes, esbarram o preconceito. E uma análise profunda do relatório comprova. Os empreendedores negros têm muito mais dificuldades econômicas e educacionais. A imensa maioria (77%) tem faturamento de até dois salários mínimos (R$ 2.824,00 – valor atualizado), enquanto o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) calcula que o mínimo para viver com dignidade seria de R$ 6.439,62.
Quanto à escolaridade, 45,1% possuem apenas o ensino fundamental e somente 13,2% concluíram o ensino superior. Um estudo mais detalhado, conduzido em 2021 pela RD Station destaca que o afro empreendedorismo está concentrado nos setores de comércio, comunicação e indústria de cuidados. Predominantemente, são micro e pequenas empresas, muitas vezes com apenas um funcionário, o próprio empresário.
A falta de oportunidade, as portas que se fecham por conta do racismo estrutural da sociedade brasileiro afetam a autoestima de forma determinante e 44% dos empreendedores negros admitiram sentir insegurança em acreditar no seu potencial de trabalho.
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