“Modalidade com juros estratosféricos é utilizada atualmente por cerca de 40% do segmento”, segundo pesquisa. Para Décio Lima, presidente do Sebrae, “o volume de burocracia, a exigência de garantias e as altas taxas de juros funcionam como barreira que dificulta a vida das micro e pequenas empresas”
O cartão de crédito é usado por 39% dos donos de pequenos negócios para financiamento de seus negócios, segundo a 10ª edição da pesquisa “Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil”, realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e divulgada nesta terça-feira (19).
Para a entidade, os dados “sinalizam a dificuldade de acesso a crédito junto ao sistema financeiro, levando os empreendedores a optar pelo cartão de crédito como principal modalidade de financiamento usada”.
O presidente do Sebrae destaca que o alto uso do cartão de crédito pelos empreendedores prova como seria danoso o fim do parcelamento sem juros para esse segmento. “Entendemos que taxar o parcelamento no cartão de crédito pode impedir o funcionamento de empresas e o consumo de famílias. Os pequenos negócios podem ser os mais prejudicados com a taxação, além de ameaçar o poder de compra do brasileiro”, enfatiza Décio Lima.
De acordo com a entidade, os dados comprovam que “os pequenos negócios continuam sofrendo com uma antiga e crônica dificuldade de acesso a empréstimos junto aos atores do sistema financeiro”.
“O volume de burocracia, a exigência de garantias e as altas taxas de juros funcionam como barreira que dificulta a vida das micro e pequenas empresas. Por essas razões, os empreendedores acabam buscando financiamento fora dos bancos e optando pelo cartão de crédito ou a negociação de prazo com os fornecedores. O acesso a crédito no Brasil é ainda um dos grandes entraves que impedem o desenvolvimento econômico e social do país de forma mais vigorosa e sustentável, tanto para as empresas quanto para as famílias”, afirma Décio Lima.
Com o cartão de crédito disparado em primeiro lugar, a segunda modalidade de financiamento mais usada pelos pequenos empresários é o pagamento de fornecedores a prazo (20%). Em seguida, estão o cheque especial (7%), dinheiro de amigos e parentes (7%) e empréstimo em bancos privados (7%). Por último, o empréstimo em bancos públicos (4%).
O fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito, defendido pelo presidente do Banco Central, Campos Neto, gerou uma reação em cadeia do setor do comércio varejista e de serviços, através de manifestos e propagandas na mídia.
Os empresários contestam a afirmação de que o parcelamento sem juros no cartão é responsável pela inadimplência e denunciam os juros abusivos cobrados, não só no crédito às empresas e consumidores junto a bancos, como no rotativo do cartão que chegam a mais de 430% ao ano, juros que Campos Neto nem dá sinal de que vai mexer.
Foram 6.237 entrevistados, entre microempreendedores individuais (MEI)) e donos de micro e pequenas empresas dos setores de comércio, serviços e indústria, em junho no país.
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