São cerca de 25% do total dos devedores, o maior patamar desde 2019. No mês, a inadimplência atinge 71,74 milhões de pessoas, um aumento de 320 mil devedores a mais do que no mês de julho
Sob o arrocho dos juros altos, mais de 71,74 milhões de pessoas se encontravam na inadimplência em agosto, tendo seus nomes negativados no cadastro de devedores, segundo um levantamento da empresa Serasa Experian. São 320 mil devedores a mais do que foi registrado no mês de julho.
O estudo também aponta que quase 25% do total de inadimplentes tinham dívidas ligadas a contas de serviços essenciais, como luz, água, gás e telefone, por exemplo. Esse é o maior patamar para esse tipo de dívida desde o início da série histórica, em janeiro de 2019.
Apesar do programa Desenrola Brasil, uma iniciativa do governo federal para ajudar as pessoas a limparem os seus nomes, a taxa de juros básica (Selic) do Banco Central continua em níveis de agiotagem em 13,25% ao ano, jogando para a lua as demais taxas de juros do mercado de crédito e, consequentemente, elevando os índices de inadimplência no Brasil.
Na passagem de julho para agosto, as contas atrasadas com bancos e cartões de crédito seguiram sendo o principal motivo para o endividamento dos brasileiros, representando 29,29% das contas atrasadas.
Em julho, a taxa média de juros cobrada pelos bancos no cartão de crédito chegou em 445,7% ao ano, o que corresponde a uma alta de 8,7 pontos percentuais na comparação com junho, segundo dados divulgados pelo BC. Já as taxas médias de juros do cartão de crédito parcelado e do cheque especial ficaram nos absurdos 198,4% ao ano e 132,46% ao ano, respectivamente.
Até o fim de setembro, terá início a Faixa 1 do Programa Desenrola, que visa negociar contas atrasadas de até R$ 5.000. No entanto, se o Banco Central, que é comandado por Roberto Campos Neto, seguir com a sua política contracionista, por meio de cortes a conta gota na taxa Selic, os brasileiros seguirão sendo os maiores pagadores de juros reais (descontada a inflação) do mundo. E, assim, o governo terá que criar um Desenrola no próximo ano.
Nesta nova fase, o governo federal irá arcar com R$ 8 bilhões, por meio do Fundo de Garantia de Operações (FGO), para estimular a renegociação com bancos e demais instituições financeiras, além de dívidas não bancárias. Desde o lançamento do Desenrola, em julho, o Banco do Brasil renegociou R$ 7,86 bilhões.
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