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/ sexta-feira, novembro 1, 2024
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Perfil da nova Câmara escancara desigualdades sociais

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Homem branco, com mais de 50 anos e ensino superior completo. Dono de um patrimônio acima de R$ 2 milhões. Filiado a partido de centro-direita ou direita. Esse é o perfil que mais se repete entre os 513 deputados eleitos em outubro que assumirão seus mandatos de quatro anos nesta quarta-feira (1), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Pela Constituição, deputados federais representam o povo e senadores, os estados. O perfil da nova Câmara, no entanto, em muito se difere da realidade brasileiro comum e escancara a profunda desigualdade social e política do país.

Mulheres e negros

As diferenças começam pelo gênero. As mulheres vão ocupar apenas 90 das 513 cadeiras da Casa, cerca de 17% das vagas. De acordo com a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 51,1% da população do país, enquanto os homens, 48,9%. Ainda assim, eles ficarão com 83% dos assentos. Pela primeira vez o país terá duas deputada trans: a paulista Erika Hilton (Psol) e a mineira Duda Salabert (PDT).

Também é grande a disparidade no recorte racial: 72,12% dos deputados se autodeclararam brancos à Justiça eleitoral. Segundo a mesma PNAD Contínua, 43% dos brasileiros assim se definem. Se os pardos são 47% da população, na Câmara serão 20,8%. Já os pretos, 5,26% dos deputados, são 9,1% das pessoas do país. Os indígenas, cerca de 0,4% dos brasileiros, vão ocupar menos de 1% das cadeiras. De maneira inédita, tomarão posse quatro deputadas indígenas: Sônia Guajajara (Psol-SP), Juliana Cardoso (PT-SP), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

Escolaridade

Ainda é acentuado o contraste na educação. Chega a 82% o índice dos deputados empossados nesta quarta-feira com formação superior completa. Outros 8% entraram na faculdade, mas não concluíram o curso. Quatro deputados não têm o ensino fundamental completo (0,8%).

Embora seja um direito consagrado a todos pela Constituição, a educação ainda está longe da realidade da grande maioria da população. De acordo com a PNAD Contínua de 2019, 6,8% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos, ou seja, 11 milhões de pessoas. A maior parte dos brasileiros (46,6%) acima de 25 anos tem instrução até o ensino fundamental completo. Apenas 17,4% concluíram a faculdade e têm ensino superior completo, a exemplo da maior parte dos deputados.

Concentração de renda

A concentração de renda também distancia representantes de representados. De acordo com informações prestadas pelos então candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 232 (45%) dos deputados têm patrimônio declarado acima de R$ 1 milhão. Outros 26 têm entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões em bens. Segundo o IBGE, 90% dos brasileiros ganham por mês menos de R$ 3,5 mil. Em 2021, a renda média mensal domiciliar per capita foi de R$ 1.353.

Deputados com idade entre 51 e 60 anos representam o grupo mais numeroso da nova Câmara. Estão nessa faixa 120 deles (24%). Outros 21% têm entre 61 e 87 anos. Aqueles com até 30 anos somam 4,8% dos parlamentares. A PNAD Contínua mostra que, em 2021, a faixa entre 50 e 59 anos, mais representativa entre os deputados, somava 11,4% da população.

A posição ideológica da maioria da Casa contrasta com pesquisa feita pelo Datafolha em 2022 que revelou que 49% dos brasileiros se identificavam como de esquerda. Outros 34%, como de direita, e 17%, como de centro. Na nova Câmara, os partidos do Centrão e de centro-direita ocuparão mais da metade das cadeiras, cerca de 270 (53%) das 513.

www.congressoemfoco.uol.com.br/EDSON SARDINHA

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