Lula quer que novo Bolsa Família pague além dos R$ 600 mensais, mais R$ 150 por cada criança até seis anos para ajudar no combate à fome que atinge 46,2% de meninos e meninas até 14 anos
A crise econômica do Brasil por causa da má gestão do governo de Jair Bolsonaro (PL) deixa um rastro de miséria e pobreza atingindo especialmente os mais vulneráveis como as crianças. Nunca houve um registro tão grande de meninos e meninas até 14 anos passando fome, desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), começou em 2012 a mapear os índices da pobreza no país.
Em 2021, a proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%. Veja abaixo os dados mais detalhados da pesquisa do IBGE.
Diante desse caos, causado principalmente pela falta de políticas públicas na área social, da queda de renda da classe trabalhadora, da alta dos preços dos alimentos, da péssima qualidade da merenda oferecida nas escolas, com a divisão de um ovo em quatro e distribuição só de bolachas, o futuro governo Lula quer aumentar o valor do novo Bolsa Família para dar dignidade ao povo mais pobre.
A ideia é dar R$ 600 por família e mais R$ 150 por criança até seis anos de idade. O orçamento da União de 2023 proposto por Bolsonaro prevê R$ 405 por família, o que desmente que ele, caso fosse reeleito, manteria o atual valor que termina neste mês.
Para ajudar os mais pobres é preciso que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, articulada pela equipe de Lula, seja aprovada pelo Congresso Nacional. O futuro governo pede a liberação de R$ 198 bilhões ao ano fora do teto dos gastos públicos para recuperar o Bolsa Família, aumentar o salário mínimo e recompor programas sociais como o Farmácia Popular, entre outros, que Bolsonaro destruiu.
Nos últimos quatro anos, o atual governo gastou quase R$ 800 bilhões acima do teto de gastos públicos, apesar do discurso neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes de que é preciso manter essa regra fiscal, que impede até 2036 que o governo invista mais do que a inflação do ano anterior.
Integrante da equipe de transição o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse em entrevista na manhã desta segunda-feira (5), à Globonews, que o combate à fome é prioridade de Lula; que o ex-presidente não esperava após 20 anos voltar a ocupar o cargo e ter de enfrentar mais uma vez essa tragédia social. O Brasil saiu do mapa da fome em 2014, no governo de Dilma Rousseff (PT), como resultado dos programas sociais iniciados por Lula e continuado pela ex-presidenta.
“A fome está batendo na nossa porta e precisamos dessa margem financeira para viabilizar um programa social consistente, restaurar os R$ 600 para cada família em situação de vulnerabilidade e mais R$ 150 por criança até seis anos”, disse o senador na entrevista.
“Lula quer fazer como em seu primeiro mandato e convidar membros da sua equipe para conhecer as áreas mais pobres do país para que a equipe do governo tenha consciência que é preciso governar para todos. É inaceitável que 33 milhões de pessoas não tenham o que comer. Essa é a nossa prioridade”, completou Randolfe Rodrigues.
A pobreza entre as crianças
A população de até 14 anos em situação de pobreza aumentou de 17 milhões para 20,3 milhões. A alta de 2020 para 2021 foi de 19,3% (ou 3,3 milhões a mais), mostra a pesquisa do IBGE.
Já a proporção de crianças de até 14 anos abaixo da linha de extrema pobreza chegou a 13,4% no ano passado, também recorde na série histórica. O percentual estava em 8,9% em 2020.
Em números absolutos, a população nessa faixa etária em situação de extrema pobreza aumentou de 3,9 milhões para 5,9 milhões. A alta foi de 50,1% (ou 2 milhões a mais).
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