Lista tem 166 denúncias contra patrões que ameaçam demitir funcionários que não votarem no candidato escolhido por eles
As centrais sindicais CTB, CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CSB, Pública, CSP-Conlutas, Intersindical – Central da Classe Trabalhadora e Intersindical Instrumento de Luta receberam 166 denúncias de assédio eleitoral no local de trabalho. As denúncias foram feitas por meio dos dois canais criados exclusivamente para que os trabalhadores e trabalhadoras possam denunciar patrões que cometem esse crime contra seus funcionários.
A lista, que é atualizada diariamente, foi encaminhada ao MPT (Ministério Público do Trabalho). Esses números foram fechados às 19h30 desta quinta-feira (20) e apontam denúncias contra empresas de diversos setores, em todo o país, que cometeram assédio eleitoral ao constranger, coagir e ameaçar de demissão funcionários que se negarem a vota no candidato que eles querem. Todos os denunciados exigem que os trabalhadores votem em Jair Bolsonaro.
Não foi feita nenhuma denúncia de assédio eleitoral para beneficiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As centrais sindicais abriram dois canais exclusivos em seus sites para que sejam feitas denúncias de casos de assédio eleitoral a trabalhadores. Do total de 166 denúncias, 116 foram feitas ao canal criado no portal da CUT nacional, desde 7 de outubro, e as outras 50 por meio do site Assédio eleitoral é crime, espaço aberto pelas centrais de forma unitária.
As 166 denúncias citam os nomes de 128 empresas, comércios, serviços – esse total não inclui prefeituras, órgãos públicos e associações. O número é menor do que o total de denúncias porque algumas empresas, como o Grupo Terra Boa (com seis denúncias), por exemplo, foram denunciadas mais de uma vez e por mais de um trabalhador.
As denúncias feitas diretamente nos sites das centrais sindicais vieram de 118 municípios de 19 dos 27 estados da federação. Até o momento, não há registro de denúncias vindas do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Piauí e Distrito Federal.
As regiões Sudeste e Sul, respectivamente, lideram o número de denúncias. São Paulo (40), Minas Gerais (24) e Rio Grande do Sul (17) são os três estados com maior número. Paraná (13) e Santa Catarina (12) e Goiás (11) vêm na sequência deste ranking de práticas de assédio eleitoral.
Os setores da indústria, comércio, agropecuária, serviço público e serviços somam o maior número de denúncias. Entre os denunciados estão lojas, indústrias, supermercados, fazendas, confeitarias, prefeituras, hotéis, serviços médicos, empresas públicas e até escolas infantis.
Parte dos denunciantes se identificou e anexou prints, fotos, áudios e vídeos ou algum tipo de comprovação da denúncia descrita, mas todos exigiram anonimato. Relataram ter medo perseguição e demissão pelos denunciados. Todas as denúncias passam pela LBS Advogados, assessoria jurídica da CUT e, posteriormente, após identificação da empresa, município, estado e conteúdo para tipificação, são encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal.
Entre as denunciadas está a empresa Havan, em Natal (RN). O denunciante relata que “o gerente da loja exigiu que todos os funcionários não votassem no dia 2 de outubro e informou que, após a eleição, o supervisor da loja iria acompanhar todos os funcionários até a instância eleitoral da cidade para confirmar se eles tinham débitos (multa de não ter votado) com a Justiça Eleitoral. Caso não tivesse o tal débito, o funcionário seria demitido”. Além disso, figuram empresas conhecidas como Ypê, JBS e Grupo Terra Boa.
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