Os reajustes altos estão relacionados com a política de preço de paridade de importação (PPI), criada por Temer e mantida por Bolsonaro
A Acelen, que administra a refinaria de Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Ralam), na Bahia, aumentou a gasolina em 8,7% e o diesel em até 11,5% no estado, que está de volta ao topo ranking do combustível mais caro do país. Os reajustes passaram a valer no sábado (8).
No final de 2021, logo após o governo de Jair Bolsonaro (PL) privatizar a Rlam, a Acelen já havia conquistado a primeira colocação entre as que cobram mais caro pelo litro da gasolina e do diesel.
Três meses depois, em março de 2022, os preços exorbitantes cobrados dos consumidores do Nordeste chamaram a atenção do país e viraram notícias em diversos jornais. A gasolina do estado baiano chegou a ser 15% mais cara que o preço médio nacional do produto apurado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). No diesel, o preço ficou 20% maior que a média do país.
De acordo com artigo do coordenador nacional da Federação Nacional dos Petroleiros, Deyvid Bacelar, publicado no jornal A Tarde, por trás dos reajustes abusivos está a nefasta política de preço de paridade de importação (PPI), criado pelo ilegítimo Michel Temer (MDB) e mantido por Bolsonaro. O PPI segue a cotação internacional do petróleo, a variação cambial e os custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo.
“Ou seja, produzimos internamente, em reais, o petróleo que consumimos, mas com o PPI, o brasileiro paga preços dolarizados ao adquirir combustíveis, entre eles o gás de cozinha”, diz Deyvid no texto.
Pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) alertam que o país poderá ter apagão de combustíveis, pois, com as privatizações, a Petrobrás deixa de responder pela coordenação do abastecimento, diz o dirigente no artigo. “Já vimos isso acontecer há poucos dias, quando a refinaria do Amazonas (Reman), também privatizada, sofreu desabastecimento de petróleo”, ressalta.
“Ao vender a Rlam, a primeira refinaria do Brasil, a direção bolsonarista da Petrobrás estimulou a criação de monopólio privado regional, que só beneficia o investidor estrangeiro. O benefício foi logo na partida, quando a Rlam e toda a sua logística de transporte, com dutos e terminais, foram comprados a preços de banana, quase 50% abaixo do valor de mercado, segundo do Ineep”, denuncia o coordenador geral da FUP.
“Também o mercado financeiro, por meio do BTG Pactual e XP, concluiu que o valor de venda, de US$ 1,6 bilhão, estava depreciado. Estudos internos da própria Petrobrás chegaram a avaliar a refinaria baiana em US$ 3 bilhões. Ou seja, um ativo de tal importância, estratégico, responsável pelo abastecimento de combustíveis da região Nordeste, foi liquidado.
A política do PPI só contribui para lucros e ganhos recordes em dividendos a acionistas da Petrobrás – sobretudo acionistas privados estrangeiros -, e para deixar os brasileiros reféns da carestia”.
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