Após privatização da RLAM, diesel teve alta de até 58,11% na Bahia, em cinco meses
Os brasileiros, e particularmente os baianos, devem se preparar para pagar ainda mais caro pela carne, batata, cenoura, café ou qualquer outro gênero alimentício. Isto porque o efeito cascata do aumento do preço do diesel pode afetar profundamente a economia, tornando insustentável a sobrevivência da população.
No Brasil, a maioria dos alimentos, vestuários e bens de consumo duráveis são transportados através das rodovias pelos caminhoneiros que abastecem seus caminhões com o diesel. Se o valor do diesel for alto o preço do frete aumenta. Para pagar o frete, os empresários e agricultores elevam os preços dos seus produtos e no final a conta vai ser paga pelo consumidor.
Por isso, os baianos – e não só a população em geral como também os empresários, particularmente os donos de postos de combustíveis e de empresas de transporte público – estão com a mão na cabeça, preocupados com o que está por vir, pois na Bahia, a empresa Acelen, que administra a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), após sua privatização, reajustou 10 vezes o preço do diesel, 8 vezes o da gasolina e 3 vezes o do gás de cozinha, no período de 01/12/2021 a 01/05/2022.
De acordo com estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), tomando como base a distribuidora de São Francisco do Conde e o período de 01/12/2021 a 01/05/2022, o Diesel S10 sofreu um reajuste de 58,11% e a gasolina A de 29,96%. Já o GLP (gás de cozinha) teve reajuste de 17,02%.
Impacto danoso
O alto valor do diesel vem impactando também o setor de transporte público. Os empresários do ramo alertam para uma possível falta ou drástica redução do serviço de transporte para a população. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbano devido à alta do diesel as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico, deixando o restante da frota de ônibus parada na garagem.
A economista e Supervisora Técnica do DIEESE, Ana Georgina Dias, ressalta, que além da alta no valor do frete e do impacto no transporte público, a preço do diesel tem repercutido no preço da energia elétrica, uma vez que grande parte das usinas termelétricas do estado da Bahia são abastecidas por este combustível. “Apesar de estarmos neste momento com a bandeira verde, o que significa que as termelétricas não estão sendo tão utilizadas para geração de energia, significa que todas as atividades que têm a energia gerada a partir das termelétricas, e isto acontece sobretudo no Polo Petroquímico de Camaçari, acabam sofrendo um aumento nos preços”.
A economista alerta que esta alta nos preços dos combustíveis como um todo, mas principalmente no diesel, acaba tendo um efeito de espalhar a inflação para outros produtos da economia. “É um impacto bastante danoso sobretudo para o bolso do consumidor”
Para o Diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, “o que está acontecendo na Bahia é caso de intervenção para estancar os prejuízos que o estado está sofrendo”. O sindicalista revela que “diferente de outros estados, hoje, na Bahia, o diesel está com valores similares e até mais alto do que o da gasolina na maioria dos postos. Isto é inédito e precisa ser esclarecido pela Acelen. Não que a gasolina esteja barata, ela também está muito cara”, afirma o sindicalista lembrando que este “é o resultado da privatização da RLAM feita de forma irresponsável pelo governo Bolsonaro, o que levou ao monopólio privado de petróleo no nosso estado, onde um conglomerado árabe, sem concorrência, dita os preços dos combustíveis”.
O último aumento, anunciado no dia 02/05 pela Acelen foi de 11,3% nos preços do diesel S10, de 11,4% no do diesel S500 e de 6,7% na gasolina. Em relação ao diesel, a Petrobrás anunciou um aumento de 8,87%, que vale a partir da terça-feira (10). O Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), também tem mostrado preocupação com os aumentos constantes dos preços. Em várias entrevistas para a imprensa, o sindicato patronal vem alertando sobre o impacto da competitividade de quem comercializa combustível no estado, apontando queda de mais de 50% nos postos de rodovias.
Para Radiovaldo, esta preocupação do Sindicombustível é legitima. “Quem pode enche o tanque no estado vizinho, em Pernambuco, por exemplo, onde a refinaria pertence à Petrobrás, e mesmo com os preços altos devido à dolarização dos preços dos combustíveis, adotada pela estatal no governo Bolsonaro, ainda são mais baixos do que os aplicados na Bahia pela Acelen”, relata. Para ilustrar, o sindicalista conta que um dono de posto de combustível confidenciou a ele que não vai mais comprar diesel na Bahia. “Ele está mandando buscar 44 mil litros de diesel em Pernambuco, vai gastar R$ 10 mil de frete, mas disse que o valor compensa. Vai sair mais barato do que se comprasse aqui”.
http://www.sindipetroba.org.br/fonte- Comunicação do Sindipetro Bahia