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/ quinta-feira, setembro 19, 2024
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Ômicron: 87,3% dos médicos brasileiros se infectaram nos últimos 2 meses, mostra estudo inédito

Profissionais de saúde do Hospital municipal Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro, relatam aumento de atendimento dos casos de Covid-19 com a chegada da variante Ômicron. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
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RIO — A nova onda de Covid-19 provocada pela Ômicron gerou um forte impacto sobre os médicos brasileiros: 87,3% deles foram acometidos pela doença nos últimos dois meses. É o que mostra um levantamento inédito feito pela Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM).

E o aumento exponencial de casos não afetou apenas a saúde física, como também a mental desses profissionais. Os médicos afirmam que estão apreensivos (51,6%), esgotados (51,1%) e ansiosos (42,7%) com o cenário atual da pandemia. Além disso, observam que os colegas de profissão dos locais em que atuam estão estressados (62,4%) e sobrecarregados (64,2%).

O levantamento contou com a participação de 3.517 profissionais de Medicina de todas as regiões do Brasil que responderam ao questionário online por meio da plataforma SurveyMonkey, entre os dias 21 e 31 de janeiro de 2022. A maior parte dos participantes é da região Sudeste, com a faixa etária entre 51 e 70 anos. Eles atuam em hospitais públicos, privados e consultórios de todo o país, sendo que 52,5% estão atuando na linha de frente no combate ao coronavírus.

Na percepção dos médicos, 7 em cada 10 brasileiros não estão usando máscaras corretamente. No entanto, 74% dos profissionais considera que a vacinação está sendo aderira pela população. E eles também opinaram sobre quais pontos o Governo deixa claramente a desejar, a exemplo da realização de testes (21,7%) e no rastreio dos contactantes (8,3%).

Os médicos relataram também as dificuldades enfrentadas nesta nova onda de Covid-19 provocada pela Ômicron. A falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde foi apontada por 44,8% deles como a maior deficiência na atenção à pandemia do coronavírus. Na pesquisa feita pela AMB e APM divulgada em fevereiro do ano passado, essa percepção era tida por 32,5% dos entrevistados na ocasião.

Identificada pela primeira vez na África do Sul, em novembro de 2021, a Ômicron foi classificada como Variante de Preocupação (VOC) pela OMS no dia 26 de novembro. Na foto, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS. Foto: DENIS BALIBOUSE / REUTERS
Identificada pela primeira vez na África do Sul, em novembro de 2021, a Ômicron foi classificada como Variante de Preocupação (VOC) pela OMS no dia 26 de novembro. Na foto, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS. Foto: DENIS BALIBOUSE / REUTERS

Com o avanço da Ômicron pelo mundo, vários centros de pesquisa começaram a fazer estudos sobre a nova variante. Esta é a primeira imagem da Ômicron, divulgada pela Universidade de Hong Kong. Foto: Divulgação
Com o avanço da Ômicron pelo mundo, vários centros de pesquisa começaram a fazer estudos sobre a nova variante. Esta é a primeira imagem da Ômicron, divulgada pela Universidade de Hong Kong. Foto: Divulgação

Mais transmissível do que as demais cepas, a Ômicron fez os casos de Covid-19 crescerem vertiginosamente, tanto no Brasil quando nos outros países do mundo. A demanda por testes aumentou. Pessoas fazem teste de Covid-19 no posto municipal de testagem de Covid na Faculdade Cenecista Capitão Lemos Cunha, na Ilha do Governador Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo
Mais transmissível do que as demais cepas, a Ômicron fez os casos de Covid-19 crescerem vertiginosamente, tanto no Brasil quando nos outros países do mundo. A demanda por testes aumentou. Pessoas fazem teste de Covid-19 no posto municipal de testagem de Covid na Faculdade Cenecista Capitão Lemos Cunha, na Ilha do Governador Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo

Coriza, dor de garganta, dor de cabeça, cansaço e espirros são os sintomas mais comuns da Ômicron. Os sintomas são mais leves porque a nova variante se concentra nas vias aéreas superiores, como boca, nariz e garganta — dificilmente chega ao pulmão. Foto: Pixabay
Coriza, dor de garganta, dor de cabeça, cansaço e espirros são os sintomas mais comuns da Ômicron. Os sintomas são mais leves porque a nova variante se concentra nas vias aéreas superiores, como boca, nariz e garganta — dificilmente chega ao pulmão. Foto: Pixabay

A Ômicron provoca sintomas mais leves do que as cepas anteriores do coronavírus, mas o aumento expressivo de casos elevou a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria e de UTI dos hospitais no Brasil e no mundo. O Hospital municipal Ronaldo Gazolla, no Rio, voltou a internar pacientes com Covid-19 devido a chegada da Ômicron. Nas UTIs da unidade, mais de 80% dos pacientes é de não vacinados ou parcialmente vacinados. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
A Ômicron provoca sintomas mais leves do que as cepas anteriores do coronavírus, mas o aumento expressivo de casos elevou a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria e de UTI dos hospitais no Brasil e no mundo. O Hospital municipal Ronaldo Gazolla, no Rio, voltou a internar pacientes com Covid-19 devido a chegada da Ômicron. Nas UTIs da unidade, mais de 80% dos pacientes é de não vacinados ou parcialmente vacinados. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

A grande capacidade de transmissão da Ômicron gera a necessidade de uso de máscaras mais filtrantes, como as do tipo N95 ou PFF2, dizem especialistas. Foto: TOLGA AKMEN / AFP
A grande capacidade de transmissão da Ômicron gera a necessidade de uso de máscaras mais filtrantes, como as do tipo N95 ou PFF2, dizem especialistas. Foto: TOLGA AKMEN / AFP

A Ômicron mostrou capacidade de escapar da proteção conferida pelas vacinas existentes contra a Covid-19. No entanto, os imunizantes ainda protegem contra casos graves e morte, principalmente após a dose de reforço. No entanto, a Pfizer iniciou a fase de estudos clínicos para uma vacina específica contra a Ômicron. Foto: CLODAGH KILCOYNE / REUTERS
A Ômicron mostrou capacidade de escapar da proteção conferida pelas vacinas existentes contra a Covid-19. No entanto, os imunizantes ainda protegem contra casos graves e morte, principalmente após a dose de reforço. No entanto, a Pfizer iniciou a fase de estudos clínicos para uma vacina específica contra a Ômicron. Foto: CLODAGH KILCOYNE / REUTERS

A alta nos casos de Covid-19 aumentou a demanda por testes. Diante da escassez de exames, o debate sobre os autotestes cresceu no Brasil. Em janeiro de 2022, a Anvisa autorizou o uso de autotestes de Covid-19 no país. Foto: Damien Meyer / AFP
A alta nos casos de Covid-19 aumentou a demanda por testes. Diante da escassez de exames, o debate sobre os autotestes cresceu no Brasil. Em janeiro de 2022, a Anvisa autorizou o uso de autotestes de Covid-19 no país. Foto: Damien Meyer / AFP

A variante Ômicron tem se mostrado não uma nova onda da Covid, mas um verdadeiro tsunami, provocando uma explosão de casos. Da experiência desses lugares vem sendo possível prever o tempo de duração da crise: entre quatro e seis semanas de aumento vertiginoso no número de infecções até atingir o pico, seguido por, da mesma forma, queda acentuada. Caso o Brasil siga esse padrão, estaríamos a duas ou três semanas do pico e, assim, entrando logo em queda. Alguns estados brasileiros já demonstram diminuição de casos. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
A variante Ômicron tem se mostrado não uma nova onda da Covid, mas um verdadeiro tsunami, provocando uma explosão de casos. Da experiência desses lugares vem sendo possível prever o tempo de duração da crise: entre quatro e seis semanas de aumento vertiginoso no número de infecções até atingir o pico, seguido por, da mesma forma, queda acentuada. Caso o Brasil siga esse padrão, estaríamos a duas ou três semanas do pico e, assim, entrando logo em queda. Alguns estados brasileiros já demonstram diminuição de casos. Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Hoje, 96,1% dos médicos que atendem em locais que recebem pacientes com Covid-19 observam tendência de alta no número de casos em algum grau. Quanto aos óbitos, a tendência de alta é apontada por 40,5%.

O aumento exponencial de casos não está gerando mortes na mesma proporção, apesar de o número de óbitos ter aumentado no Brasil no começo de 2022. E isso se deve a dois fatos: grande parte da população brasileira está vacinada, inclusive com a dose de reforço; e a Ômicron se instala primeiro nas vias aéreas do corpo, demorando a afetar os pulmões (na maioria das vezes o sistema imunológico a combate antes que ela consiga “descer”), diminuindo o risco de gravidade da doença.

Os participantes da pesquisa não estão otimistas quanto ao fim da pandemia: quase 90% deles acredita que novas variantes surgirão no futuro, mas a maioria (57,1%) aposta que as próximas cepas causarão muitos casos e poucas mortes. No entanto, 81,4% estão com a percepção de que a ocupação das UTIs está menor do que nos momentos mais críticos de 2021.

Mais da metade dos médicos que responderam à pesquisa considera que as fake news interferem negativamente no enfrentamento à Covid-19: 57,2% deles acrediram que as notícias falsas levam algumas pessoas a minimizar (ou negar) o problema; 55,1% acham que as fake news interferem negativamente, pois fazem os pacientes desacreditarem na ciência e dificulta a aceitação das decisões dos profissionais da Saúde; 37,7% indicam que as desinformações fazem pacientes/familiares pressionam por tratamentos sem comprovação científica; 13,7% não consideram que as fake news tenham interferência. Nesta pergunta, os médicos poderiam escolher mais de uma resposta.

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