Se depender dos petroleiros e petroleiras de todo o país, a desestatização do Sistema Petrobrás será difícil. A Federação Única dos Petroleiro e seus sindicatos aprovaram, por ampla maioria, o estado de greve nacional da categoria.
As assembleias ocorreram desde o Amazonas até o Rio grande do Sul e deram um aviso ao Governo Bolsonaro e ao parlamento que não aceitam o Projeto de Lei que privatiza a Petrobrás, que tem sido alardeada por Bolsonaro e seus cúmplices.
Paulo Neves, dirigente da CTB-Amazonas e da FUP, afirma que “o resultado das assembleias dos petroleiros de norte a sul do Brasil é uma reposta direta aos pronunciamentos de Paulo Guedes e Bolsonaro quando afirmam que pretendem fatiar e privatizar o Sistema Petrobras. É um evidente recado de que essa categoria não aceitará a entrega do patrimônio nacional sem a devida reação”.
A exemplo da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, entregue ao capital internacional pela metade do valor de mercado, segundo INEEP, Bolsonaro já vendeu outros 58 ativos da companhia, colocando em risco a segurança energética no país.
O governo Bolsonaro argumenta que a venda de unidades de refino da Petrobras aumenta a concorrência para a redução dos preços, no entanto, os estudos da FUP/DIEESE mostram que, em 5 anos de PPI – Preço de Paridade de Importação, o preço do gás de cozinha na porta das refinarias aumentou 287,9% e a gasolina 107,7%.
Só no primeiro mês de operação da Mubadala na RLAM, por meio de sua operadora ACELEN, a refinaria cortou o fornecimento de óleo bunker para os navios brasileiros e se recusou a acompanhar a queda dos preços dos derivados anunciada pela Petrobras afirmando que “a redução anunciada pela Petrobras só será praticada nas refinarias que ainda estão sob sua gestão. Como a refinaria baiana foi privatizada, não mais pertencendo à estatal federal, a política de preço da Refinaria Mataripe será independente, uma das consequências da privatização da RLAM”.
Dias depois, a ACELEN, pressionada pelo Sindipetro-BA e pela mídia baiana, voltou atrás e anunciou a redução de 3% nos preços. O pouquíssimo tempo de privatização da RLAM já deixa sinais de que os consumidores baianos terão muitos problemas no abastecimento de combustíveis, já que a ACELEN agora detém o monopólio de combustíveis na Bahia e outros estados do nordeste.
“Será um ano de muita luta da classe trabalhadora contra o desmonte do sistema energético do país”, afirma Fafá Viana, dirigente do Sindipetro-RN e da FUP. “Aliado à possível privatização da Eletrobrás, o desmonte da Petrobras retira do Brasil qualquer possibilidade de controle sobre suas fontes energéticas represando o desenvolvimento econômico e social num país já tão massacrado com o encarecimento do custo de vida. Com a aprovação do estado de greve, a categoria petroleira deus sinais de que vai ter luta”, completa.
www.ctb.org.br/ Jailton Andrade