Elas realizaram quatro horas a mais de trabalhos domésticos durante o isolamento. E relatam mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse do que os homens
Pesquisa revela que as mulheres sofreram mais danos à saúde mental durante a pandemia. Elas se sentiram mais isoladas e também relataram mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Além disso, elas também sofreram com a sobrecarga de trabalhos domésticos durante esse período. Os dados são da série Cenários da Covid-19, que faz parte do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). O levantamento, que contou com a participação de 5 mil pessoas, é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que ouviu participantes da própria instituição, em parceria com universidades públicas.
No geral, 14% dos entrevistados avaliaram sua saúde mental como “regular a muito ruim”. Durante o distanciamento social, 24% das mulheres apresentaram sintomas de depressão. Dentre os homens, 17% declararam o mesmo. Um quarto delas (20%) também relataram sintomas de ansiedade, quase o dobro entre eles (11%). Já em relação ao estresse, enquanto apenas um em cada dez homens (10%) relataram sinais, para elas, esse número chegou a 17%.
“Os estudos reconhecem a maior vulnerabilidade feminina em relação aos desfechos de saúde mental. No entanto, as pesquisam apontam níveis de sofrimento aumentados durante a pandemia, sobretudo pelo medo de adoecimento, angústia de permanecer em casa, e evitando o contado com outras pessoas, sejam elas familiares ou amigos”, afirmou a coordenadora do Elsa-Brasil na Fiocruz, Rosane Griep.
A pesquisa concluiu também que as mulheres realizaram, em média, quatro horas a mais de trabalhos domésticos do que os homens, durante a pandemia. Tal carga desigual acaba tendo relação principalmente com o aumento do estresse entre elas.