Auxílio Brasil dará conta de resolver desafios atuais do país? Entenda no Programa Bem Viver
Para especialistas, programa já começará defasado e não terá capacidade de atender os novos pobres da pandemia. “A partir de novembro 22 milhões de pessoas ficarão sem renda”
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Com o fim do auxílio emergencial previsto para este mês e a demora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em anunciar o programa Auxílio Brasil, uma substituição ao Bolsa Família, a população segue sem saber com quais programas sociais poderá contar em meio a pior crise econômica dos últimos anos. Para especialistas, no entanto, o cenário é certo: o Auxílio Brasil já começará defasado e não terá capacidade de atender os novos pobres da pandemia.
“Os recados que o governo tem dado é que ele pode ampliar o auxílio emergencial por mais um mês ou lançar o Auxílio Brasil, que atenderia 17 milhões de pessoas. Esse número equivale ao total de atendidos hoje no Bolsa Família mais a lista de espera que tínhamos antes da pandemia. Todas as pessoas que perderam emprego e renda ou que perderam entes que sustentavam a casa não estão sendo consideradas”, disse a diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho, em entrevista a edição de hoje (19) do Programa Bem Viver.
Pelos anúncios do governo federal, ainda incertos, o Auxílio Emergencial – criado durante a pandemia para auxiliar a população mais pobre – deixará de ser pago em novembro. Atualmente ele é pago para 39 milhões de pessoas, já com uma grande queda desde o início do programa, no ano passado, quando ele atendida 68 milhões de brasileiros.
“Se pensarmos nos números do Auxílio Brasil, a partir de novembro 22 milhões de pessoas ficarão sem renda”, pontuou Paola. “Toda população está enxergando a fome a olhos nus. Sabemos do empobrecimento, do desemprego, mas agora isso é visível na quantidade de pessoas na rua, buscando comida em caminhões, esperando a xepa par atentar conseguir algum alimento. Os relatos que recebemos são de desespero, de não saber o que fazer para sobreviver a partir do mês que vem.”
CPI da Covid-19
A entrega do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 no Senado foi adiado, como anunciou o presidente da CPI senador Omar Aziz (PSD), no domingo (17). A expectativa era que hoje (19) o documento fosse apresentado e amanhã votado. Com a mudança, o relatório será entregue nesta quarta-feira e votado no próximo da 26.
A princípio, a justificativa para essa decisão foram divergências entre os senadores. No entanto, ontem, membros da CPI comentaram que o adiamento ocorreu, também, pelo vazamento do relatório. Desde o final de semana, partes do documento foram divulgadas na internet, em especial trechos que indicavam crimes pelos quais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será acusado.
Parlamentares e analistas políticos avaliam que o legado da CPI é positivo e que ela teve ganhos reais por frear a compra de medicamentos, vacinas e equipamentos de saúde superfaturados.
Via campesina
A Via Campesina celebrou no último final de semana 25 anos da luta pela soberania alimentar. Esse termo, inclusive, foi cunhado pelo movimento durante a Cúpula Mundial sobre a Alimentação, realizada em Roma, em 1996, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“Soberania alimentar” diz respeito ao direito de acesso a alimentos saudáveis, de forma regular e sustentável, respeitando a identidade cultural de cada povo e da região em que habita. Na prática significa a luta para que as populações possa se alimentar da maneira que está habituada.
Porém, a medida que o agronegócio avança pelo Brasil, sem respeito à natureza, o veneno utilizado nas plantações contamina rios e florestas dentro de terras indígenas. Isso faz com que os animais que habitavam essas regiões comecem a desaparecer e a comunidade não consigam ter acesso a alimentos. A partir daí, uma série de outros direitos são violados.