Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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A reforma trabalhista e o desalento do Brasileiro

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Há pouco mais de um ano, em 30 de setembro de 2020, eu me tornei mestre em comunicação social, com a dissertação O Jornalismo Sindical no Enfrentamento da Reforma Trabalhista de 2017: Uma Análise de Conteúdo dos Jornais Sindicais. Na ocasião, egressa do movimento sindical, eu queria entender o fenômeno da precarização laboral no Brasil e como a comunicação direcionada às diferentes categorias laborais, inclusive o trabalho desempenhado por mim, contribui para gerar informação e engajamento do trabalhador e sociedade.

Na época, estudei para descobrir se faltou clareza sobre o posicionamento do movimento sindical brasileiro durante o processo da Reforma Trabalhista 2017 Concluí que sim, mas a resposta não é tão simples e há muito a entender e aprender a respeito.

De lá para cá, o universo laboral brasileiro tornou-se caótico. Muitos culpam a #pandemia da #Covid-19, mas como dissemos na linguagem popular: o buraco é mais embaixo…

A atual legislação trabalhista (Lei 13.467/2017)) vigora desde o dia 11 de novembro de 2017. O então presidente, maestro do golpe, Michel Temer (MDB-SP), anunciava então que a Reforma Trabalhista seria o celeiro do pleno emprego.

Ao afrouxar as regras conquistadas através de piquetes, greves, manifestações e negociações, pelos trabalhadores ao longo da história do Brasil, o então governo, com o aval do #CongressoNacional, ceifou direitos dos brasileiros e beneficiou os patrões com o seu olhar neoliberal. Um dos objetivos era enfraquecer o movimento sindical, que inicialmente aconteceu, mas que vem reagindo desde então, porém está longe de estar fortalecido como no passado recente.

Atualmente, cerca de 14 milhões de trabalhadores vivem o desemprego. O desalento é pandêmico. O subemprego um recurso para sobreviventes e o empreendedorismo falácia. A inflação é crescente, o câmbio desfavorável e o Brasil voltou para o #MapadaFome.

Em setembro de 2019 o Brasil figurava  entre os dez piores países para se trabalhar, no ranking do #ÍndiceGlobaldeDireitos, quando as relações de trabalho passaram a ser monitoradas pela #OIT (Organização Internacional do Trabalho). Antes disso, o sociólogo #RuiBraga já sinalizava o avanço da economia e política neoliberal.

Segundo ele, o neoliberalismo “assegura uma correlação de forças favorável aos portadores do capital financeiro”. Já o precariado formado pela “fração  mais mal paga e explorada do proletariado urbano e dos trabalhadores agrícolas”.

Lembro-me de ter participado sobre as manifestações contrárias que precederam à Reforma Trabalhista. Primeiro, poucos gatos pingados na #PraçadaSé, em #SãoPaulo. No decorrer dos meses, conforme as tratativas se confirmavam, o número de trabalhadores cresciam e os líderes sindicais de então agarravam-se nas promessa vãs do presidente de então enquanto a mídia hegemônica vilanizava o movimento sindical.

Após Michel Temer sancionar a Reforma Trabalhista eu esperava que o brasileiro se conscientizasse e fosse mais enérgico em sua posição contrária aos demais retrocessos como a reforma previdenciária, a reforma administrativa etc.. Neste final de 2021, a parcela do precariado brasileiro aumentou, o conceito da #uberização se consolidou.

As relações de trabalho são conflitantes, mas quem tem um emprego formal se resigna para não perder a renda. Menos direitos, porém estabilidade relativa…

Trazendo o debate para o universo midiático, não podemos nos esquecer que as relações de trabalho refletiram no mercado de trabalho e no ambiente laboral para os jornalistas. Falta emprego, falta estrutura, sobra cobrança, que tem revertido inclusive na imagem dos profissionais da mídia.

#AntonioGramsci, que desvelou a importância da cultura na luta de classes, nos lembra que “é dever da atividade jornalística (em suas várias manifestações) seguir e controlar todos os movimentos e centros intelectuais que existem e se formam num país”:

Sou resistente, vivo, sinto na virilidade da minha consciência pulsar a atividade da cidade futura que estou ajudando a construir. Nela a cadeia social não pesa sobre poucos, cada acontecimento não é devido ao acaso, à fatalidade, mas é obra inteligente dos cidadãos. Não há ninguém na janela contemplando enquanto alguns se sacrificam, se esvaem, em sacrifício; aquele que permanece de plantão na janela para aproveitar daquilo que a atividade desses poucos alcança ─ ou para desafogar a própria desilusão vituperando o sacrifício ─ desfalece sem conseguir o que pretende. Vivo, tomo partido. Por isso odeio quem não o faz, odeio os indiferentes

#JohnDowning nos alenta com o conceito de #MídiaRadical, que o Construir Resistência está inserido. Para ele, combater a hegemonia seria, então, “destronar o domínio cultural e a liderança”.  Ou seja:

O desafio da contracomunidação é difundir conceitos de informações que vão além do pensamento hegemônico, suas diretrizes e que façam sentido em comunidade…

Mas como gerar informação de qualidade num universo onde predomina a desinformação? As plataformas digitais deram voz aos indivíduos, no bom e mal sentido. Hoje, a partir de replicação de #fakenews e mensagens baseadas em #thinkthanksideológicos ou mesmo má fé, até gato escaldado tem medo de água frio, pois fica difícil separar o joio do trigo, ou melhor, a verdade e a mentira.

Uma proposta de mídia de resistência, liberdade e articulação de vozes. Como diria o #PauloFreire o

#PatronodaEducaçãoBrasileira, requer uma comunicação dialógica e libertadora:

Servir à ordem dominante é o que fazem hoje intelectuais ontem progressistas que, negando à prática educativa qualquer intenção desveladora, a reduzem à uma pura transferência de conteúdos considerados como suficientes para a vida feliz das gentes. E a vida feliz é aquela que se vive na adaptação ao mundo sem raivas, sem protestos, sem sonhos de transformação…

Reconheço os enormes empecilhos que a chamada nova ordem vem impondo a pedaços mais frágeis do mundo, a

 seus intelectuais, que os empurra para posições fatalistas diante da concentração de poder, da gerência da produção e do saber, como informação. Reconheço a realidade. Reconheço os obstáculos, mas me recuso a acomodar-me em silêncio ou simplesmente virar o eco macio, envergonhado ou cínico, do discurso dominante.

Recorremos ao “bom e velho #Marx e seu camarada #Engels”, afinal somos todos comunistas, não é mesmo?, para lembrar que o direito individual passa pela consciência de classe e social. Nunca podemos esquecer que não há produto sem trabalho e sem consumo.

De cada um, de acordo com suas habilidades, a cada um, de acordo com suas necessidades.
Trabalhadores do mundo, uni-vos,
vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões.
#Banky atualiza a arte, mas a mensagem continua a mesma:
Refletir sobre a Reforma Trabalhista, sobre o golpe de 2016, sobre os rumos da economia mundial e sobretudo sobre o nosso papel de jornalistas e formadores de opinião é preciso…. Resistir é preciso.
www.construirresistencia.com.br /Adriana do Amaral, jornalista profissional desde 1984, mestre em Comunicação Social pela Umesp – Universidade Metodista de São Paulo. Possui ampla experiência em jornalismo diário (Jornal O DIA), institucional (Grupo Voith Hydro), científico (Roche, Aché etc.) e sindical (SiemacoSP). Atuou como pauteira, repórter, redatora, editora e coordenadora, além de ter participado da campanha eleitoral 2020 (voluntariamente) debatendo a questão da População em Situação de Rua e o trabalho dos Catadores na cidade de São Paulo. Autora do livro: O meu mundo revirado – Com a Pandemia na Cabeça

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