Deputado Luis Miranda afirma que vê indícios de operação 100% fraudulenta para compra de testes de covid
A corrupção no Ministério da Saúde sob o governo Bolsonaro pode ser muito maior do que o esquema da vacina Covaxin. Isso é o que disse, neste domingo (27), o deputado Luis Miranda (DEM-DF), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Miranda disse que seu irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe do departamento de importação do Ministério, vê indícios de operação “100% fraudulenta” para a compra de testes de covid-19.
“Se existir algo realmente ilegal, não é só nessa vacina [Covaxin], é na pasta toda. O presidente [Jair] Bolsonaro demonstra claramente que não tem controle sobre essa pasta”, disse o deputado. Os dois prestaram depoimento à CPI na sexta-feira (25).
O deputado afirmou que seu irmão pode dar mais informações em uma sessão secreta da comissão. Ele mantém no ar a dúvida sobre se teria gravado Bolsonaro durante a conversa com ele. “É melhor no ar do que a certeza dela. Na hora certa, se precisar.” Miranda também declarou na entrevista que “os militares tinham uma presença meio não republicana” no Ministério da Saúde.
Segundo o deputado, há pessoas no Ministério da Saúde tentando usar a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para fazer a jogada, com dinheiro do Banco Mundial, “uma compra gigantesca, altamente desnecessária”, uma compra para mais 14 milhões de testes de antígenos, além dos 3 milhões já comprados.
Miranda propõe que seu irmão forneça mais dados e informações sobre corrupção no Ministério da Saúde em sessão fechada da CPI da Covid. “Meu irmão sabe muita coisa”, disse. “Acho que se a CPI fizer reunião fechada, pedir dados, informações. Meu irmão não quer fazer denúncia, porque, pela forma como o Palácio agiu, qualquer informação que ele der, que porventura não se prove lá na frente, vão tentar colocar uma denunciação caluniosa”.
Miranda contou que entre essas informações podem ser sobre aditivos de aumento de valores, feitos às escuras, aumentando valores de licitações.
Sobre a conversa com Jair Bolsonaro, o deputado disse que ele “não é doido” de confrontar a sua versão da conversa de 50 minutos que tiveram. Afirmou que se Bolsonaro fizer isso, “vai tomar um susto”.
“Não pode me chamar de mentiroso, pode falar qualquer coisa, menos que sou mentiroso”, enfatizou, reafirmando que Bolsonaro citou o nome do líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros, ao tomar conhecimento das denúncias que encaminhou a ele sobre a intermediação da Precisa Medicamentos para a compra da vacina indiana Covaxin.