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Entregadores com covid-19 enfrentam abandono de apps

Entregadores relatam desamparo após contraírem covid-19 FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO - 01.07.2021
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Motoboys tiveram a doença e conseguiram pouco ou nenhum auxílio. Segundo eles, são muitos trabalhadores nesta situação

Entregadores de aplicativo atuam desde março de 2020, no início da pandemia do novo coronavírus, enfrentando a exposição à doença e, entre outras queixas, a falta de direitos trabalhistas. Um dos aspectos mais danosos é o desamparo aos que contraem o vírus e recebem pouco ou nenhum auxílio por parte das empresas de tecnologia para enfrentar a doença, conforme denúncias feitas ao R7.

A reportagem conversou com 15 motoboys que atuam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro a respeito do problema e, segundo contam, o abandono aos profissionais que adoecem é recorrente. Entre eles, seis tiveram covid-19 e foram afastados: três relataram seus casos e os outros três declinaram, receando bloqueios nos apps.

Altemício do Nascimento, 53, se infectou em setembro e ficou cinco dias internado no Hospital do Campo Limpo. Ao todo, gastou cerca de R$ 3.000 entre medicamentos, consultas e fisioterapia. Até hoje, sente sequelas da doença. Da Rappi, recebeu somente R$ 100 – pouco mais de 3% do que teve de custear.

O motoboy, que vive com a esposa e o filho, sofreu muito com o impacto financeiro com os gastos no tratamento e pelos dias não trabalhados. “Foi um prejuízo enorme”, relata o motoboy, que desde a infecção sente fortes dores nas costas e um gosto ruim de cloro na boca.

Há cerca de um mês, Roberto sentiu os primeiros sintomas da doença, que rapidamente evoluíram: no segundo dia, a fadiga e a falta de ar já haviam se acentuado. Em uma sexta-feira, foi ao posto e o resultado saiu no dia seguinte. Em casa, com medo após a piora do quadro e a febre, foi bloqueado por 15 dias pelo aplicativo, do qual recebeu apenas uma mensagem desejando sua melhora.

“Não deram nenhuma ajuda financeira. Não acho que seja uma atitude legal, porque você se sente rejeitado. Fiquei 14 dias afastado, ainda tenho sequelas, como a falta de olfato, falta de ar e muita tosse. O cansaço é como se fosse um estado contínuo de gripe”, relata Roberto, que gastou R$ 500 com medicamentos, além da alimentação, que teve de mudar para produtos mais saudáveis.

“Automaticamente bloqueiam a corrida, dizem ‘desejamos melhoras e em breve voltaremos a nos ver’. Simples assim: mandam um e-mail desejando melhoras e dizendo que a conta estaria suspensa até eu melhorar”, comenta o entregador, que vive com a mãe, a esposa e duas irmãs.

Em casa, somente ele trabalha. Após a relatada baixa nas taxas durante a pandemia, trabalhando de segunda a domingo e oito horas por dia, Roberto diz que estava faturando em média R$ 2.000.

Diferentemente de Roberto, Altemício e outros casos citados pelos entregadores, Eli Batista da Silva encontrou segurança durante o período em que esteve infectado, pois a empresa para a qual trabalha o ajudou com os gastos. Ele relata que deixou de atuar para os aplicativos após uma lesão há cerca de cinco anos.

www.noticias.r7.com

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