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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Brasil, sob Bolsonaro, na vanguarda do desemprego e das mortes pela pandemia em 2020

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“Países que não frearam a disseminação do coronavírus com o argumento de não perder trabalho não tiveram benefícios em seu mercado. Deixar morrer não teve nenhum ganho econômico”, diz pesquisador do Ipea ao analisar dados do ano passado, situação que se agravou muito mais no Brasil em 2021.

Situando o Brasil no contexto mundial da pandemia da Covid-19, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o país ficou na vanguarda das mortes e do desemprego em 2020.

Segundo a nota técnica divulgada na sexta-feira (14), o Brasil registrou proporcionalmente mais mortes por Covid-19 em 2020 do que 89,3% dos outros 178 países cujos dados foram analisados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dentro do mesmo conjunto de 179 países, o Brasil apresentou a 20ª maior taxa bruta de mortalidade por 100 mil habitantes, passando a ter a 10ª pior posição no ranking ajustado à composição demográfica. Em 169 dos demais 178 países (94,9% do total), o total de mortes registradas por Covid-19 foi menor do que se esperaria com o padrão de mortalidade brasileiro.

Em termos de emprego, o “nível de ocupação” do país caiu de forma mais intensa do que 84,1% dos 63 países pesquisados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) entre os últimos trimestres de 2019 e 2020. O nível de ocupação final é mais baixo que os de 76,2% dos países no mesmo conjunto de 63.

Marcos Hecksher, autor do estudo, afirma que países que registraram mais mortes pela Covid-19 em 2020 de forma proporcional, também foram os que tiveram seus mercados de trabalho mais prejudicados.

Esse é o caso do Brasil, onde o negacionismo frente à pandemia e a sabotagem às medidas de isolamento e à vacinação em massa da população pelo governo Jair Bolsonaro estão sendo investigados em CPI especial.

“Em síntese, países que não frearam a disseminação do coronavírus com o argumento de não perder trabalho não tiveram benefícios em seu mercado. Deixar morrer não teve nenhum ganho econômico”, assinala.

Para fazer as comparações entre os países, o estudo ajustou os óbitos pela Covid-19 à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país e utilizou os dados registrados no terceiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019, de pré-pandemia.

“Alguns países ricos só têm mais mortes em percentual da população total porque têm proporções de idosos bem maiores que a nossa, e a mortalidade de idosos é mil vezes maior que a das crianças. Mas entre os idosos, nossa mortalidade é maior que a de quase todos eles. E na população de até 59 anos, nossa mortalidade é bem maior que a de qualquer um deles. Assim, quando ajustamos a mortalidade à distribuição das populações nacionais por idade e sexo, esses países ricos deixam de ficar pior do que nós”, diz o autor.

“Compreender onde as perdas foram maiores ou menores é um passo necessário – ainda que não suficiente – para reconhecer as circunstâncias que levaram a diferentes resultados. Diante de informação comparável sobre a variedade do que se observou em diferentes contextos, as ações individuais e coletivas ganham potencial para serem melhoradas, reforçadas ou substituídas por novas estratégias”, justifica o estudo.

www.ctbbahia.org.br / fonte: Hora do Povo

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