O índice de óbitos entre trabalhadores formais de serviços essenciais não relacionados à Saúde aumentou consideravelmente no auge da pandemia, e, em decorrência disso, eles deveriam ser grupo prioritário no Plano Nacional de Imunização. É o que indicam estudos recentes que analisaram a exposição e a taxa de óbitos entre aquela categoria de profissionais no início deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020.
Um dos levantamentos, feito exclusivamente para o jornal El País pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data, constatou que trabalhadores formais que não puderam ficar em casa em nenhum momento da pandemia estão no ranking das ocupações que mais registraram crescimento de mortes no Brasil em janeiro e fevereiro de 2021, em relação a 2020, momento anterior à pandemia. Entre frentistas, o aumento foi de 68%.
Diante dos dados constatados pela pesquisa, a Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) publicou nota reivindicando a inclusão dos trabalhadores em postos de abastecimento e lojas de conveniência na inclusão da Fase 4 da vacinação.
Baseado em uma análise do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Novo Caged, ligado ao Ministério da Economia, o estudo também revelou que o período registrou ao menos 83 óbitos entre professores do ensino fundamental, contra 42 no ano passado.
Como o sistema utilizado para a análise não informa a causa das mortes, não é possível afirmar quantos óbitos se devem diretamente à Covid-19. No entanto, há fortes evidências de que os resultados da pesquisa tenham correlação com o impacto da doença na vida das pessoas. É o que os epidemiologistas chamam de “excesso de mortes” em tempos de pandemia. O conceito é utilizado para caracterizar períodos em que pessoas não morrem necessariamente de forma direta pela doença, mas por complicações decorrentes de sua existência, por exemplo, a falta de vagas em hospitais.
O projeto Rede de Informação e Comunicação sobre Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS- COV 2 no Brasil, desenvolvido por pesquisadores da ENSP, já alertava, desde o começo da pandemia, para o alto risco de exposição ao vírus entre diversas categorias profissionais.
Leia a matéria completa do site da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) da Fiocruz