Centrais apresentam documento em defesa da vida ao vice-presidente da República, general Hamilton Mourão
O Brasil está em estado terminal, afirma Adilson Araújo na live das centrais sindicais
Representando o Fórum das Centrais Sindicais, participaram do encontro com o general Mourão o presidente da CTB, Adilson Araújo e o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
Na pauta as centrais apresentaram documento reivindicando urgência na imunização da população, maior empenho do governo na aquisição das vacinas, e atenção especial ao cumprimento do auxílio emergencial no valor de R$600, como forma de garantir a subsistência às famílias mais necessitadas. os representantes também alertaram para a necessidade do apoio ao micro e pequeno negócio, sobretudo neste momento em que o lockdown, se coloca como necessidade principal na preservação das vidas e dos empregos.
“O Brasil se encontra num estado grave
Sob a prevalência do negacionismo, das doses de cloroquina e ivermectina o país caminha para seu estado terminal”, afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo, durante live promovida pelas centrais sindicais no âmbito do Dia Nacional de Luta convocado para esta quarta-feira (24) em unidade com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo .
O sindicalista enalteceu a iniciativa das centrais. “É muito importante esta data para uma profunda reflexão. Devemos ultrapassar hoje a trágica marca de 300 mil mortos pela Covid-19. O grau de maturidade alcançado pelas centrais tem se revelado uma grandeza de fundamental importância”, ressaltou
O presidente da CTB lastimou o clima de velório que tem acompanhado o avanço impiedoso da doença. “Acordei nesta quarta-feira (24) com a informação da perda de um valoroso patriota, nosso eterno militante e ex-deputado federal Haroldo Lima e também soube hoje da morte de Pedro Eugênio Beneduzzi Leite, bancário, militante da Contraf”, comentou.
Araújo criticou duramente a redução do valor do novo auxílio emergencial ofertado por Bolsonaro. “150 reais não compra sequer um quarto de uma cesta básica, é urgente resgatar o auxílio com o valor original de R$ 600,00”, salientou.
Ele também mencionou a difícil situação vivida pela classe econômica em meio à crise sanitária, econômica e política. “Temos 79 milhões de brasileiros e brasileiras em idade ativa fora da força de trabalho e junto com o desemprego em massa presenciamos a destruição de direitos e a degradação das condições de trabalho. Hoje um trabalhador de aplicativo chega a trabalhar 14 horas diárias ou até mais em fins de semana”.
Em sua opinião, “falta um projeto nacional, a única ambição do governo é vender tudo e estabelecer o Estado mínimo, com ajustes fiscais e cortes de verbas essenciais, enquanto a pandemia evidencia a necessidade de universalização dos serviços públicos”.
Araújo defendeu um “projeto de reconversão industrial para fazer máscaras, EPIs, álcool gel, garantir equipamentos hospitalares, sedativos, oxigênio”, mas constatou que infelizmente “o país em estado terminal vai oscilando para pior”.
“Não há como vislumbrar uma política de emprego e renda com este governo medíocre”, observou. “Os EUA acabam de aprovar um orçamento da ordem de US$ 1,9 trilhão para enfrentar os problemas econômicos e sociais, com pesados investimentos em infraestrutura e tecnologia e seguridade social”.
Na contramão deste movimento, que também se verifica na Inglaterra e muitos outro países, Bolsonaro e Paulo Guede insistem na política neoliberal de Estado mínimo e arrocho fiscal, “A centralidade da luta atual é a defesa da vida, as centrais estão unidas neste propósito. Nada do que vivemos tem sentido se não formos capazes de tocar o coração das pessoas”, finalizou o presidente da CTB.
SBPC
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, também participou da live e manifestou sua solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras, “especialmente os que estão na linha de frente do enfrentamento desta doença terrível”.
Moreira ressaltou que a SBPC já soma 70 anos de luta em defesa da educação, da saúde, da ciência, da medicina. Ele considerou “muito importante este dia nacional de mobilização com a agenda focada na defesa da vida e da saúde”, disse que a prioridade absoluta é a vida, não o ajuste fiscal. “É fundamental que estejamos todos juntos neste momento difícil da vida nacional”.
A SBPC reúne cerca de 160 sociedades científicas, “que estão juntos conosco no Pacto pela Vida e pelo Brasil, cuja agenda coincide esta que vocês estão colocando, o lema do nosso manifesto é ´o povo não pode pagar com´”.
O líder cientista destacou a “importância de ter um plano nacional, o Brasil precisa disto”. Entretanto, “o que vimos é uma política de descoordenação, desmonte e negacionismo que favorece a morte e não a vida”.
Fórum dos Governadores
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, falou em nome do Fórum dos Governadores Pela Vida na live das centrais. “Fico muito feliz em participar desta live, representando o Fórum dos Governadores, até pela minha origem, sou professora, servidora e tenho toda uma vivência no movimento sindical, fico feliz de ver o movimento sindical e os movimentos sociais tão engajados nesta luta em defesa da vida.”
Na opinião da governadora a saída que está colocada é “isolamento e avançar com toda garra com o processo de vacinação”. Ela não poupou críticas ao governo. “Hoje viramos o epicentro da pandemia no mundo e isto se deve à postura negacionista que a maior autoridade do nosso país adotou”.
Segundo ela, “uma das falhas mais graves foi em relação à vacina. Seguramente se estivéssemos com o processo de vacinação acelerado certamente o país não estaria vivendo esta tragédia. Nesta data vamos ultrapassar a marca dos 300 mil mortos e não são apenas números, são vidas, são sonhos que se foram.”