Números divulgados pela OMS não incluem período da #pandemia da covid-19
Embora os números sejam assustadores a realidade é ainda pior, pois os dados divulgados na terça-feira (9), pela Organização Mundial da Saúde, não retratam os períodos de #isolamentosocial e sazonalidade de mobilidade durante o último ano.
O relatório “Estimativas Globais, Regionais e Nacionais sobre Violência de Parceiros Próximos a Mulheres e Estimativas Globais e Regionais de Violência Sexual advinda de Não-Parceiros”. indica que a sociedade está perdendo a batalha para violência contra a mulher.
De acordo com a #OMS, 641 milhões entre as 736 milhões de mulheres foram agredidas pelos “companheiros íntimos” e as demais por pessoas conhecidas. Realidade que não escolhe vítimas, como explica o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. “A violência é endêmica, em todos os países e cultura.”, afirmou.
Agressões que não se restringem ao ambiente doméstico, pois seis por cento das mulheres ouvidas foram vítimas de violência sexual, por desconhecidos. O relatório aponta que este número é subestimado, pois muitas vítimas “temem o estigma de relatar um crime sexual”.
Já a violência de gênero não poupa as mais jovens, mostrando que o machismo estrutural ainda é regra na sociedade. Vinte e cinco por cento das adolescentes e jovens entre 15 a 24 anos sofreram agressões.
Fenômeno social que indica que a violência é replicada entre gerações, inclusive ameaçando as vidas das mães mais jovens. O que perpetua modelos nas famílias e nos filhos, como se bater em mulher fosse comum e direito.
Para Phumzile Mlambo-Ngcuka, da #ONUMulheres, é preciso que os governos se posicionem na proteção às mulheres. “Eles devem tomar medidas fortes e pró-ativas para combater a violência, que é uma pandemia paralela.”
Durante a #pandemia da #covid-19, testemunhamos no Brasil da recessão econômica a luta das mulheres, “arrimo de família”, sem renda ou driblando o orçamento com a parca renda advinda do trabalho informal e mal-remunerado. Sem direitos laborais, sem estabilidade e principalmente sem receber o Auxílio Emergencial. A fome avança e com ela a violência doméstica aumenta.
A ONU esclarece que alguns países criaram linhas de apoio destinadas às mulheres, mas o relatório, que se baseia em coletas de informações no período entre os anos 2000 e 2018, não tem dados atualizados sobre a violência recente. Recomenda, entretanto, que “a prevenção da violência requer enfrentamento de desigualdades socioeconômicas, acesso à educação e ao trabalho seguro, além de mudanças de normas e instituições discriminatórias”.
Números impressionantes
– 37% das mulheres entre 15 e 49 anos que vivem nos países mais pobres são vitimadas pela violência doméstica (física e sexual):
América Latina e Caribe: 25%
Sudeste da Ásia: 21%,
Ásia Oriental:18%,
Europa: 16 a 23%.
Nota da Autora:
A foto que ilustra este texto mostra mulheres brasileiras que tiveram os seus corpos mutilados pelo chamado “maníaco do ácido”. Em 1989, e os atentados se sucediam em plena rua, em São Paulo. Apesar de apenas dez mulheres registrarem o Boletim de Ocorrência, estima-se que pelo menos 50 mulheres tiveram parte dos corpos desfigurados. A imagem mostra a denúncia feita ao ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, então Secretário Estadual de Segurança Pública. Crédito: GazetaViews
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https://news.un.org/pt/story/2021/03/1743912
www.construirresistencia.com.br / Adriana do Amaral