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/ sábado, setembro 21, 2024
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Centrais sindicais anunciam acordo com Venezuela para oxigênio semanal a Manaus

Caminhoneiro venezuelano segura a bandeira de seu país ao chegar em Manaus com oxigênio - Marcio James / AFP
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Acordo prevê fornecimento de 80 mil litros de oxigênio por semana para tratar pacientes com Covid-19 em Manaus; centrais farão a captação, transporte e distribuição. Volume equivale a 3 dias de produção das fábricas locais.

O Fórum das Centrais Sindicais, entidade que reúne a CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e outras associações de trabalhadores, anunciaram nesta quarta-feira (20) um acordo com o governo da Venezuela para fornecer fornecer semanalmente a Manaus , onde o sistema de saúde colapsou nesta pandemia da Covid-19 .

Os hospitais do estado estabelecido sem oxigênio na última semana e pacientes internados com Covid-19 morreram sufocados.

Manaus, a 950 km da fronteira com a Venezuela, vai receber 80 mil litros por semana de oxigênio venezuelano, segundo como sindicais sindicais. O país vizinho já adicionou, na terça (19), 107 mil litros . O estado do Amazonas calcula um déficit diário de 50 mil litros de oxigênio.

Nenhum acordo, a Venezuela fornecerá o oxigênio e as centrais sindicais ficarão responsáveis ​​pela logística (transporte e distribuição do produto), segundo a entidade. O primeiro comboio deve chegar na próxima semana, anuncia a entidade.

O auxílio oferecido pelo governo Nicolás Maduro ocorre em um contexto em que a autoridade do ditador não é reconhecida pelo presidente Jair Bolsonaro. O mandatário brasileiro considera que o presidente do país é o deputado Juan Guaidó .

Na última semana, os aliados de Guaidó questionaram uma oferta de oxigênio do governo Maduro. À Folha , o deputado Julio Borges, responsável pelas Relações Exteriores do autoproclamado governo Guaidó, criticou a ajuda . Chamou de oportunismo político, afirmou que era uma tentativa de Maduro de mudar sua imagem e disse que os hospitais venezuelanos estão desabastecidos.

O presidente Bolsonaro ainda não agradeceu a ajuda venezuelana. Dirigentes do PT, próximos do governo Maduro, como o ex-presidente Lula e a deputada Gleisi Hoffman, fizeram agradecimentos públicos. O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que era próximo de Bolsonaro, também agradeceu ao governo venezuelano.

A crise de oxigênio acabou virando a crise política para o presidente Bolsonaro, que tem esforços dedicados em suas redes sociais, principal meio de comunicação com seu público, para divulgar ações pelo Amazonas.

Só nesta quarta, divulgou uma contratação de 72 médicos para atender pacientes com Covid em Manaus e a criação de uma nova rota para transportar oxigênio entre Porto Velho (RO) e a capital amazonense, entre outras publicações.

Conforme a Folha mostrado, o ministro da Saúde, geral da ativa Eduardo Pazuello, foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que oferece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar “Sem oxigênio para passar o dia”. Pazuello também foi informada sobre problemas logísticos nas remessas.

Drama em Manaus
Drama em Manaus

www1.folha.uol.com.br

A CUT e o Fórum das Centrais Sindicais (CUT, Força, UGT, CTB, CSB, NCST), que, juntas, representam dois terços dos trabalhadores brasileiros, acabam de firmar um acordo histórico com o governo da Venezuela para ampliar o fornecimento de oxigênio hospitalar a Manaus. A capital do Amazonas enfrenta um dos mais dramáticos quadros da pandemia no Brasil, por falta desse insumo essencial aos pacientes internados com COVID-19.

“Esse acordo é uma conquista do movimento sindical, da classe trabalhadora. Mostra, mais uma vez, que sabemos agir frente a um governo federal incompetente e criminoso, para salvar vidas dos trabalhadores, mostra também a solidariedade entre os países latino-americanos, entre o Brasil e a Venezuela, diante de uma crise sanitária que assola nosso país. Faremos tudo o que estiver ao alcance da CUT e do Fórum das Centrais para impedir que trabalhadores morram por falta de oxigênio. Toda gratidão ao povo venezuelano e ao presidente Nicolás Maduro”, disse Sérgio Nobre. Foi do dirigente cutista a iniciativa de procurar o governo da Venezuela.

Pelo acordo de “colaboração e solidariedade de classe”, a Venezuela fornecerá 80 mil litros por semana de oxigênio hospitalar à capital do Amazonas. As Centrais mobilizarão o trabalho de logística (transporte e distribuição do produto).  “Estamos mostrando como se faz a diplomacia dos trabalhadores”, afirmam os presidentes das centrais.

Esse volume de oxigênio que será enviado a Manaus semanalmente, conforme o acordo entre o governo Venezuelano e o Fórum das Centrais, é equivalente à soma de três dias de  produção das fábricas  locais que fornecem o insumo à capital amazonense.

O primeiro comboio com oxigênio deve chegar ao Brasil na semana que vem. As Centrais Sindicais vão mobilizar todos os seus entes – estaduais, sindicatos, federações, confederações – e também a IndustriAll Brasil neste trabalho urgente para garantir o envio de caminhões à Venezuela para a retirada do oxigênio que será levado e distribuído em Manaus. “É uma troca baseada na cooperação e isso se chama solidariedade de classe”, afirmam os presidentes das Centrais.

Os dirigentes também já iniciaram nesta quarta-feira (20) o contato com os governos estadual e local para articular e encaminhar essa cooperação e também com a iniciativa privada, especialmente o setor de transporte e autopeças. O objetivo é conseguir peças e insumos para garantir a escala da produção da fábrica de oxigênio e de caminhões. A Venezuela enfrenta embargo dos Estados Unidos e falta de produtos e não é reconhecida pelo governo Bolsonaro.

“Lamento que o Brasil enfrente um boicote do seu próprio presidente da República. Nós sabemos bem o que é sofrer um boicote, mas aqui na Venezuela temos governo, temos um presidente que governa para o povo e pelo povo”, disse o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza.

 

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Min.das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, em reunião virtual com Centrais 

 

RESPOSTA RÁPIDA

O governo Maduro respondeu rapidamente ao chamado do Fórum das Centrais feito na semana passada. Foram duas reuniões seguidas: a primeira, política, realizada na noite desta terça-feira (19), com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza e a segunda, técnica, na manhã desta quarta, com o vice-ministro Carlos Ron e Pedro Maldonado, presidente da Corporacion Venezoelana de Guayana, que produz o oxigênio. A Venezuela já doou e entregou, com sua frota, mais de 130 mil metros cúbicos de oxigênio ao Brasil, apesar de o governo Maduro não ser reconhecido pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) , que apoia o boicote dos Estados Unidos imposto pelo país.

“Sabemos da dificuldade pela qual o Brasil está passando e sabemos da importância da solidariedade entre trabalhadores. Nosso presidente Nicolás Maduro vem da luta sindical, por isso quis dar uma resposta imediata ao chamado das centrais brasileiras”, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Carlos Ron.

Os dirigentes sindicais brasileiros agradeceram e destacaram a importância desse acordo, que salvará vidas ante “um governo brasileiro genocida, incompetente, negacionista e omisso”. “Toda gratidão ao povo e ao governo venezuelano”, disseram.

Na reunião com o ministro venezuelano, os dirigentes sindicais brasileiros detalharam a situação da crise sanitária no Brasil.  O chanceler disse que a Venezuela empenhará toda ajuda possível “aos irmãos brasileiros e latino-americanos porque vocês [brasileiros] estão sofrendo um boicote do seu próprio governo”.  “Nós, aqui, sofremos boicote dos Estados Unidos, vocês aí, do presidente, mas nós temos um governo para o povo, pelo povo”.

O vice-presidente da CUT nacional, Vagner Freitas, e o secretário de Relações Internacionais, Antonio Lisboa, além de participar das duas reuniões, compõem o grupo formado para conduzir os termos de colaboração estabelecidos no acordo.

“Nosso total agradecimento à solirdadriedade do povo venezuelano, do presidente Maduro. A Venezuela está dando uma lição de solidariedade ao Brasil e ao mundo. Ações como essa deixam claro que um outro mundo é possível, principalmente com solidariedade de classe”, disse Vagner Freitas.

www.cut.org.br

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