Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Operários de Camaçari na luta pela preservação do emprego e contra o fechamento da Ford

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Trabalhadores da Ford cumprem em todo o país uma agenda de mobilizações após o anúncio do fechamento das fábricas da empresa americana no Brasil, em segunda-feira, 11. A produção será encerrada imediatamente em Camaçari, na Bahia, e em Taubaté, em São Paulo .

Na cidade de Horizonte, no Ceará, uma terceira fábrica também deve ser fechada, mas somente no ano que vem. Em nota, o presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, deve inocentar a multinacional e disfarçar sua insensibilidade social atribuindo a decisão ao “ambiente econômico desfavorável” e à “pressão causada pela pandemia”.

Passeata e assembleia

Em Camaçari, a manhã de segunda-feira foi agitada por uma grande passeata dos metalúrgicos. Convocado pelo sindicato da categoria, o protesto contra o fechamento da fábrica da Ford mobilizou mais de 6 mil trabalhadores, segundo informações do presidente da entidade, Júlio Bonfim.

Nesta quarta-feira 13, será realizada uma assembleia no Centro Administrativo da Bahia, às 9h, seguida de um ato na Assembleia Legislativa do estado. O objetivo é inserir o tema na discussão dos deputados estaduais.

O sindicalista estima que pelo menos doze mil trabalhadores da região devem ser afetados: 3,5 mil operacionais, 2,5 mil administrativos, 2,5 mil de empresas parceiras e quatro mil de fornecedoras. Estima-se que em todo o país o fechamento da Ford, decidido unilateralmente e comunicado laconicamente pela direção da multinacional, sem negociação com os trabalhadores ou o governo, vai desempregar cerca de 50 mil operários na cadeia produtiva do ramo automobilístico.

O movimento sindical e os funcionários da empresa prometem resistir com energia ao ato arbitrário da direção da multinacional norte-americana, que aproveita a covardia e o caráter anti-trabalhista do governo Bolsonaro para desfechar este golpe traiçoeiro contra a classe trabalhadora e a economia nacional.

Ao longo de um século de atuação no Brasil, a Ford só se preocupou em lucrar e acumular capital, incentivou e explorou a guerra fiscal entre os estados, beneficiando-se de escandalosas isenções tributárias, salários relativamente baixos e doação de terrenos. Nos primeiro sinais de dificuldades, ampliadas pelo desgoverno Bolsonaro, abandona o barco deixando dezenas de milhares de “colaboradores” à deriva.

É a lógica do capital monopolista e apátrida personificado nas transnacionais privadas, cujo único e exclusivo objetivo é extrair da produção o lucro máximo.

Todo apoio aos metalúrgicos e às metalúrgicas da Ford!

Leia abaixo nota da CTB e FITMETAL sobre o fechamento das fábricas da Ford no Brasil:

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) repudiam a decisão unilateral da Ford, anunciada nesta segunda-feira (11/01), de fechar suas três fábricas no País. Em duas dessas plantas, Camaçari (BA) e Taubaté (SP), a produção será interrompida já nesta terça (12), com a demissão imediata e irresponsável de milhares de trabalhadores em plena pandemia de Covid-19.

As justificativas usadas pela direção da Ford não levam em conta os bilionários recursos que a montadora recebeu, na forma de renúncia fiscal, em especial no complexo de Camaçari. Ainda que governos como os de Michel Temer e Jair Bolsonaro não tenham investido à altura na indústria, levantamento da Receita Federal estima que os incentivos para a Ford, entre 1999 e 2020, foram de aproximadamente R$ 20 bilhões.

O Brasil tem um dos maiores mercados consumidores de automóveis no mundo. As próprias entidades patronais, como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores), reconheceram que a queda em vendas decorrente da pandemia ficou abaixo do previsto.

É lamentável que Bolsonaro, em especial, se cale e se omita diante de mais um retrocesso para a indústria brasileira. Mas, infelizmente, é cada vez menos surpreendente que uma empresa do porte da Ford prefira manter seus negócios em países de economia de menor porte, como a Argentina e o Uruguai, transferindo para lá empregos qualificados e decentes.

Além dos trabalhadores – os mais afetados com a acelerada desindustrialização do País –, uma saída para crises como a da Ford deve envolver o Poder Público (governos federal, estadual e municipal), o setor automotivo e outros segmentos industriais. As direções da CTB e da FITMETAL darão apoio às entidades sindicais envolvidas com as bases da Ford, em especial o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, que já convocou uma agenda de lutas em defesa da preservação do emprego. Só na Bahia, o complexo Ford gera 12 mil postos de trabalho, sendo 8 mil na fábrica e outros 4 mil no setor de autopeças, além de dezenas de milhares de empregos indiretos.

Todo apoio aos trabalhadores e às trabalhadoras da Ford e do complexo automotivo, bem como a seus sindicatos, nesta batalha em defesa da vida, do emprego e dos direitos!

Adilson Araújo, presidente da CTB

Marcelino da Roch, presidente da FITMETAL

www.cut.org.br

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