Empresa endividada, responsável por um monopólio e que produz pouco: será que isso é verdade?
Segunda maior companhia do Brasil em faturamento e 50ª do mundo, a Petrobrás completou 67 anos 3 de outubro, para celebrar, vamos derrubar aqui alguns mitos que você já deve ter ouvido.
A Petrobrás está quebrada
Não é verdade. Entre 2012 e 2017, a geração de caixa se manteve estável entre US$ 25 e US$ 27 bilhões por ano. Também neste período, a empresa seguiu com enormes reservas em caixa, entre US$ 13,5 e US$ 25 bilhões, superiores as de muitas multinacionais estrangeiras. A capacidade de honrar compromissos de curto prazo também foi evidenciada pelo índice de liquidez corrente superior a 1,5.
Temos de diminuir a dívida adquirida pela Petrobrás
Entre o final de 2014 e de 2018, a Petrobrás reduziu sua dívida líquida de US$ 115,4 para US$ 69,4 bilhões. Nesse mesmo período, a companhia vendeu ativos no valor de US$ 18,72 bilhões. Deste total, os valores efetivamente recebidos em caixa totalizaram US$ 11,81 bilhões.
As privatizações tiveram influência pouco relevante na redução do endividamento líquido da companhia, limitaram-se a 25,65% da redução da dívida líquida, entre final de 2014 e final de 2018. Cerca de três quartos (74,35%) da redução da dívida teve origem na geração operacional de caixa da Petrobrás.
O petróleo será substituído por outras fontes de energia
Durante os governos que antecederam o de Jair Bolsonaro (sem partido), a Petrobrás investiu fortemente em energias renováveis. Porém, neste momento, o controle das reservas e da produção do petróleo é fundamental para o desenvolvimento e a segurança econômica, energética e militar das nações.
Além disso, no mercado interno, o petróleo e o gás natural são as duas principais fontes de energia, respondendo por mais de 50% de toda a matriz energética do país.
A expectativa de crescimento de 41% na demanda energética agregada fará com que a demanda de petróleo no país seja maior em duas décadas que a demanda atual e o petróleo deve valer mais em 2030 do que vale em 2020.
Precisamos ter mais concorrência
Desde a promulgação da lei 9478, de 6 de agosto 1997 não existe monopólio de pesquisa e lavras de jazidas de petróleo, gás natural ou outro hidrocarboneto. Nem de refino de petróleo nacional ou estrangeiro; nem para importação de produtos e derivados, como combustíveis. Nem sobre transporte marítimo ou por dutos de petróleo, gás e derivados.
Porém, as empresas privadas, visando retorno mais rápido, investem em sua maioria na compra de poços de petróleo ou de estruturas já prontas e comprovadamente rentáveis. Não há, portanto, investimento por parte dessas empresas para criar novas fábricas para fazerem concorrência interna, o que poderia gerar empregos e movimentar economia.
Falta mão-de-obra especializada para tornar a Petrobras competitiva
No pré-sal, o custo de extração atingiu um patamar em torno de US$ 8 por barril, quando a média das grandes petrolíferas mundiais é de US$ 15 por barril. Quando consideramos as demais fontes de extração o custo médio nacional de extração permanece abaixo do valor internacional.
Isso se deu porque os governos anteriores ao de Jair Bolsonaro investiram em pesquisa e tecnologia, inclusive, em relação à formação dos trabalhadores petroleiros.
A Petrobrás dá mais prejuízo do que lucro
Companhia sempre foi fundamental para equilibrar o PIB (Foto: Fotos Públicas)A Petrobras é fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil. Quando a empresa cresce, traz consigo também setores como indústria civil, indústria naval, indústria ferroviária, siderúrgica, metalúrgica, setores de serviços e muitas outras atividades, empregando e qualificando milhares de trabalhadores, elevando a qualidade de vida e poder de compra das pessoas, que irão movimentar o mercado, favorecendo a economia do país.
Exemplo disso é que nos períodos anteriores ao do governo Bolsonaro, quando a Petrobras investia, o Brasil teve maiores superávit primário e a relação dívida/PIB não passou de 60%.
A Petrobrás é um problema para o país
As privatizações ameaçam a segurança energética do país, criam monopólios privados estrangeiros e agravam a desnacionalização da economia. Os monopólios criados concentram o poder econômico e prejudicam o consumidor.
A privatização pode trazer retrocessos tecnológicos e também prejuízos para a engenharia e a indústria brasileira gerando desemprego e desequilíbrios na balança comercial.
Privatizar a Petrobras significa entregar os campos de petróleo, o que pode levar a produção predatória, com esgotamento precoce das jazidas, com altos riscos de acidentes e prejuízos ambientais. E o Brasil perderá o controle sobre a produção de importante recurso, não renovável e estratégico.
A Petrobrás não produz como deveria porque está no vermelho
Como já dito, a companhia opera com saúde financeira. Porém, como caminho para justificar a privatização, o governo pisou o pé no freio e, entre 2014 e 2019, os investimentos caíram de R$ 82 bilhões para R$ 38 bilhões na área de exploração e produção. A Petrobrás atrasou a entrada em operação de mais de seis plataformas, o que acarretou na perda de produção de mais um milhão de barris por dia.
www.cut.org.br / Luiz Carvalho – Sindicato dos Petroleiros de SP