Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Reforma administrativa de Bolsonaro visa diminuir o tamanho do Estado

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Nesta síntese especial, o Departamento Intersindical De Estatística E Estudos Socioeconômicos – DIEESE traz alguns subsídios para o debate sobre a proposta de reforma administrativa do governo federal. A alegação do governo é a mesma usada para aprovar as reformas trabalhista e da previdência, ou seja, que ela é necessária para que o país volte a crescer. Como é visto e sentido pelo povo brasileiro, nenhuma das medidas anteriores teve qualquer força para impulsionar o crescimento da economia.

A reforma administrativa é uma propositura com o objetivo de diminuir o tamanho do Estado, não para que ele seja mais ágil, mas para que o setor privado lucre com as atividades estatais. Para ganhar a opinião pública, ainda depreciam os serviços e os servidores públicos, usando informações falsas.

Os trabalhadores, por outro lado, têm propostas que podem garantir equilíbrio fiscal, além de ajudar o Brasil a retomar os rumos do desenvolvimento, com emprego, renda e inclusão social.

SÍNTESE ESPECIAL SUBSÍDIOS PARA DEBATE REFORMA ADMINISTRATIVA DO
GOVERNO BOLSONARO

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, têm sido implantadas no país várias ações que
redesenham o Estado brasileiro. São medidas para privatizar o Estado, reduzir investimentos, a
oferta de bens públicos, de serviços públicos, mesmo os essenciais, as políticas que combatem as
desigualdades (entre homens/mulheres; negros/não negros; campo/cidade; LGBTI+; PcD; geracional etc.) e retirar direitos dos servidores (as).

Mesmo com o teto de gastos, estabelecido durante o governo de Michel Temer, Bolsonaro
enviou ao Congresso Nacional, no fim de 2019, três Propostas de Emenda Constitucional que
aprofundam a visão liberal do Estado (o chamado Plano Brasil Mais). Ainda em tramitação no
Congresso Nacional, a reforma do governo tem como objetivo desvincular, desobrigar e desindexar o gasto público, além de submeter o orçamento à dívida pública e não às necessidades da população.

São proposituras que diminuem as garantias orçamentárias previstas na Constituição Federal para os serviços públicos, especialmente na saúde e educação, e retiram direitos dos servidores públicos.
Nessa perspectiva, o governo apresentou uma proposta de Reforma Administrativa (PEC
32/20201) que procura acabar com o Regime Jurídico Único, regulador da relação dos servidores
com a administração pública.

O debate público, diante da anêmica economia do país, tem sido pautado pelo interesse do
“mercado” e da grande mídia, que condenam os gastos públicos e depreciam a atuação dos
servidores, propondo uma agenda de “Estado Mínimo” como solução para os problemas brasileiros.

Bem diferente do discurso da mídia e do governo, o número de servidores públicos em
relação à população brasileira está abaixo do verificado em muitos países desenvolvidos. E em
relação aos rendimentos, a maior parte dos funcionários públicos (57%) tem rendimentos
concentrados na faixa de até 4 salários mínimos, ou seja, de R$ 3.816,00 (dados de 2018). No
serviço público municipal, o percentual dos que auferem este rendimento corresponde a 73%, faixa
na qual estão concentrados 56% dos servidores estatutários do Brasil (RAIS, 2018).

O governo utiliza a premissa de que é preciso realizar a reforma administrativa para o Brasil
crescer. A alegação foi a mesma com a Emenda Constitucional 95 (congelamento salarial), com as reformas trabalhista e da previdência. Como é visto e sentido pelo povo brasileiro, nenhuma dessas
medidas teve qualquer força para impulsionar o crescimento do país.

As reformas representam a disputa pelos recursos públicos e reduzem o caráter redistributivo
do Estado. O objetivo é diminuir o tamanho do Estado, não para que ele seja mais ágil, mas para que o setor privado lucre com as atividades que antes eram públicas. O resultado desse modelo voltado para o mercado é o baixo crescimento, a instabilidade econômica, o aumento da dificuldade do Estado para desenvolver políticas estratégicas para o país, a ampliação da pobreza e da
concentração de renda.

O que está em jogo é quem pagará pelos custos da crise econômica, sanitária e social que o
país atravessa: os trabalhadores privados e públicos ou a elite, por exemplo, por meio da taxação
das grandes fortunas.

O governo tenta reduzir a rejeição ao projeto dizendo que os atuais servidores públicos não
serão afetados, no entanto, a estabilidade condicionada ao “desempenho insatisfatório” e o fim da
progressão por tempo de serviço, em alguns casos, são exemplos de pontos presentes na PEC 32
que afetarão o funcionalismo na ativa hoje. Sem contar que é inaceitável uma mudança que precariza as condições de trabalho dos servidores e o atendimento à população, mesmo que no futuro.

Na perspecativa dos trabalhadores, as medidas de equilíbrio fiscal deveriam passar por:

 Políticas voltadas para o crescimento econômico com inclusão social;
 Medidas de controle de gastos para as despesas nominais das contas públicas, promovendo
maior controle dos dispêndios financeiros, especialmente dos juros da dívida;
 Auditoria da dívida pública;
 Combate efetivo à sonegação;
 Reforma tributária com progressividade, com maior tributação sobre a renda e o patrimônio,
tributação sobre grandes fortunas, redução dos impostos sobre o consumo, observando a
capacidade contributiva;
 Revisão das isenções fiscais;
 Cumprimento efetivo do teto constitucional para salários dos servidores públicos;
 Garantia de recursos do pré-sal para ampliar investimentos em saúde, educação e
infraestrutura;
 Regulamentação do artigo 165 da Constituição Federal de 1988, estabelecendo um
ordenamento das prioridades na construção e execução orçamentária;
 Promoção do controle social e da transparência de informações do gasto público

1 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2262083

www.dieese.org.br

CONHEÇA A SÍNTESE COMPLETA AQUI

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