O coronavírus vem atacando e matando trabalhadores cada vez mais em vários setores, principalmente os considerados essenciais em diversas regiões do país. Em São Paulo, pelo menos 57 operários da construção civil já morreram, segundo o sindicato da categoria. Em Minas a direção do Metabase informou que na quinta-feira já era 81 o número de testados como portadores da Covid-19.
No Ceará, em uma única plataforma (PXA1) da Petrobrás, no campo de Xaréu, 42 dos 45 trabalhadores testaram positivo, ou 93% do total, conforme notificação feita pelo Sindicato dos Petroleiros ao Ministério Público. Em Manaus, no Amazonas, que apresenta um dos mais altos índices de infecção, trabalhadores reclamam da falta de segurança e exposição ao vírus.
Conforme a direção do Sindicato da Construção Civil de São Paulo, o número de mortos na categoria pode ser bem maior do que 57, pois muitas construtoras não estão notificando o óbito ou a confirmação oficial dos casos. Hoje há mais de 680 mil trabalhadores no setor em São Paulo e de 15 mil testados em obras, 28% tinham anticorpos contra a doença e, destes, 60% não apresentaram sintoma algum.
Petroleiros
Apesar de hibernadas, as plataformas de petróleo do litoral do Ceará precisam manter certo número de empregados nas unidades para garantir a segurança dos equipamentos. Por isso, foram contaminados petroleiros da plataforma PXA2, interligada à PXA1, e em plataforma no campo de Curimã. Na última terça-feira, a Petrobras informou que as contaminações de trabalhadores próprios da empresa totalizavam 264 casos no país. Já o Ministério das Minas e Energia informou que os casos em empregados próprios e terceirizados da Petrobras passam de 800.
Os petroleiros reclamam de descaso com as pessoas que trabalham diretamente com os contagiados, o que estaria colaborando para propagar a doença em Cubatão, no Rio de Janeiro e em Manaus. Na refinaria de Cubatão seriam pelo menos 11 os infectados pelo coronavírus. Deyvid Bacelar, diretor da Federação Única dos Petroleiros afirmou à Folha que sindicatos relatam seis mortos entre trabalhadores da Petrobrás que não estariam contabilizados nas estatísticas oficiais.
Petroleiros garantem que em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, há pelo menos 64 casos confirmados de infectados que, somados aos terceirizados, passariam de cem. Há relatos sobre incidência da Covid-19 também em outras unidades, como as refinarias de Manaus e de Betim (MG). Nesta última, segundo o sindicato, houve uma confirmação em trabalhador terceirizado, mas não houve testes nem isolamento de pessoas que estiveram em contato com ele. Já na obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro havia 34 casos confirmados entre 6 mil funcionários da obra e da Petrobras.
Os sindicatos reclamam que a Petrobras vem omitindo as informações sobre número de contaminados por unidade, fornecendo apenas números globais, mesmo assim, com contradições. A Petrobras tem 13 refinarias e 91 plataformas de petróleo, envolvendo mais de 150 mil trabalhadores.
Vale
Outra categoria que vem enfrentando dificuldades com o coronavírus são os trabalhadores da mineradora Vale, que já detectou 81 casos confirmados apenas em Itabira (MG), conforme boletim divulgado no último dia 21, após 642 testes. O percentual é o mais alto entre todos os complexos mineradores da Vale no país. No Espírito Santo a testagem positiva atingiu cerca de 3%, Maranhão e Pará, que têm taxas maiores de letalidade, registraram índices de 5,% e 8%, respectivamente.
P&G
Em Manaus, o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas recebeu várias denúncias de funcionários da empresa P&G (antiga Gilette) que garantem ter vários casos confirmados de trabalhadores infectados com a Covid-19, óbitos e casos de doentes que continuam trabalhando por medo de perderem seus empregos. As ações internas, de prevenção, aplicação de postura responsável para evitar a disseminação do novo coronavírus, causador da doença Covid-19, não é respeitada e nem colocada em prática na fábrica.
Segundo os trabalhadores, a triagem é falha e não há adoção de protocolo de segurança para os funcionários, que correm o risco de contaminação em massa, tendo em vista a grande aglomeração que existe na empresa durante os turnos. O descaso é tão grande que foi realizada a dedetização em um ambiente da fábrica com a presença dos trabalhadores no local e uma trabalhadora acabou desmaiando. O Sindmetal-AM vinha encontrando dificuldades de contato com a direção da empresa, que fica no exterior, e os responsáveis imediatos estavam em viagem a Porto Rico.
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