Pituba segue como a localidade com o maior número de infectados
As ocorrências do novo coronavírus não param de aumentar na Bahia e, principalmente, em Salvador. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), responsável por tornar público os números da Covid-19 na capital, divulgou um balanço dos casos divididos por bairros. Os valores se baseiam em dados coletados até a noite da última quarta-feira (22) e servem para traçar um perfil do que está acontecendo na cidade. Na ocasião, eram 1034 pessoas infectadas e 33 mortes.
Dos 163 bairros considerados oficiais, 103 (63%) possuem casos registrados da doença – antes eram 97. A SMS, no entanto, não faz o controle do número de óbitos que acontecem nos bairros do município por causa do coronavírus.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (Infografia: Daniel Aloisio/CORREIO) |
Outro dado divulgado pela pasta é o tipo de transmissão da doença. A maioria dos casos diagnosticados é de transmissão comunitária, ou seja, quando não é possível identificar a forma como o paciente contraiu a Covid-19. Foram 310 só dessa forma, enquanto apenas 62 foram importados de outras cidades ou países.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (Infografia: Daniel Aloisio/CORREIO) |
A tosse foi o sintoma mais frequente, seguido da febre, dor de cabeça e dor muscular. Esses são sintomas característicos da gripe e, por isso, as duas doenças podem ser facilmente confundidas. “Todos esses dados são coletados das fichas dos pacientes, quando o resultado do teste da doença é confirmado como positivo”, explicou Léo Prates, secretário de saúde do município.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (Infografia: Daniel Aloisio/CORREIO) |
“Todos esses dados são coletados das fichas dos pacientes, quando o resultado do teste da doença é confirmado como positivo”, explicou Léo Prates, secretário de saúde do município.
Desde quando esse levantamento começou a ser feito, no dia 22 de março, a Pituba se posicionou numa colocação que nenhum outro bairro quer estar: a de líder nos casos de coronavírus. No primeiro momento, foram cinco casos confirmados. Agora, já são 46.
Preocupação
Isso tem deixado algumas pessoas do bairro apreensivas. A dona de casa Neuzari Costa, por exemplo, não se lembra qual foi a última vez que saiu do condomínio. “Vou no máximo até a portaria para pegar uma encomenda, mas com muita ansiedade”, disse. Quando é preciso, o seu marido vai na padaria ou mercado. “Até vejo minhas amigas irem caminhar na praça, mas eu tenho medo”, explicou.
Para quem precisa sair da residência, o jeito é encarar um processo mais rigoroso de higiene. Esse é o caso do técnico de inspeção Sandro Mendes, morador de Brotas, o segundo bairro com mais casos de Covid-19. São 33 no total.
“Sempre uso a máscara e assim que entro no carro passo álcool em minhas mãos. Chegando em casa, deixo o sapato do lado de fora, limpo as coisas que comprei e vou direto tomar banho. Coloco todas as roupas que usei para lavar”.
Para o secretário de saúde de Salvador, a realidade vivida por esses dois bairros já é algo compartilhado com outros locais da cidade. E isso pode ser percebido graças ao levantamento feito. “A gente pode ver a caminhada do vírus pela cidade. Ele começou na Pituba e agora tem chegado aos bairros mais populares. Os distritos sanitários de Brotas e Boca do Rio, por exemplo, têm nos preocupado”, contou Prates.
Algo que pode explicar a alta quantidade de casos em determinados bairros de Salvador é o fato dessa localidade ter muitos habitantes. Por isso, a prefeitura começou a estabelecer um outro dado, o de incidência de casos de coronavírus por mil habitantes.
“É um dado técnico que auxilia nas nossas decisões. Com essa proporção, podemos ver se um determinado bairro, que não está na liderança dos números absolutos, tem um volume de casos considerável para o tamanho da sua população”, revelou o secretário.
Esse é o caso do Retiro, cuja incidência é de 11,45 casos para mil habitantes, sendo que o local só tem três casos confirmados de coronavírus. Isso acontece por que a população oficial, segundo os dados utilizados pela SMS, é de 262 pessoas. Prates confirmou a veracidade. “Utilizamos os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como parâmetro”.