A fila de brasileiros que espera pelo Bolsa Família já chega a 3,5 milhões de pessoas, o que representa 1,5 milhão de famílias de baixa renda. O gargalo tem provocado um princípio de colapso na rede de assistência social de municípios, sobretudo os pequenos e médios. Sem o dinheiro do programa social, a população voltou a bater à porta das prefeituras em busca de comida e outros auxílios. São os chamados benefícios eventuais, demandas que sobrecarregam as combalidas finanças das prefeituras.
O Estado chegou ao número analisando o banco de dados do próprio governo. No final de janeiro, o Ministério da Cidadania informou por meio de Lei de Acesso à Informação (LAI) que a lista de pedidos para entrar no programa de transferência de renda seria três vezes menor, de 494 mil famílias.
Em Surubim, a 120 quilômetros do Recife, no interior de Pernambuco, os pedidos de cestas básicas apresentados pela população pobre da cidade dobraram no segundo semestre do ano passado. A prefeita Ana Célia de Farias (PSB) precisou fazer um aditivo ao contrato para a distribuição de alimentos.
Governo Bolsonaro negou 75% dos pedidos de reingresso ao Bolsa Família
Além de não atender reingressos, governo bate recorde na fila de espera do programa, que já acumula um milhão de famílias
Além de ser responsável pelo retorno da fila de espera no Bolsa Família, o governo de Jair Bolsonaro foi protagonista de uma queda de 74,5% no número de reingressos ao programa social. O levantamento mostra que, de junho a dezembro do ano passado, não houve qualquer reinclusão.
Dentre os motivos que fazem as famílias retornarem ao programa, estão a perda de renda na família ou saída causada por algum problema no cadastro. Segundo levantamento do UOL, em 2018, 1,08 milhão de pessoas retornaram ao Bolsa Família. No primeiro ano de governo Bolsonaro, este número foi de apenas 276 mil.
Além de não atender reingressos, Bolsonaro também ignora novas pessoas que desejam o benefício: a fila de espera do programa, segundo fontes do governo, já chega a um milhão de famílias. A situação do programa neste ano, no entanto, não deve ser diferente.
Onyx Lorenzoni, novo ministro da Cidadania, afirmou nesta sexta-feira (14) em entrevista à Rádio Gaúcha que o Bolsa Família, projeto de sucesso dos governos petistas, terá “larga porta de saída”. Onyx foi substituído pelo general Walter Braga Netto na Casa Civil.
“Vamos fazer do Bolsa Família um sistema e uma importante ferramenta de construção de cidadania, mas vai ter larga porta de entrada e mais larga porta de saída”, disse Lorenzoni após dizer que o programa tem origem liberal.
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