Em 2016, ano do impeachment, quase dois terços dos ocupados (65,6%) contribuíam. No ano passado, essa proporção foi de 62,9%.
Com mercado de trabalho fraco e predomínio da informalidade entre os empregos que são criados, também diminui a proporção de trabalhadores que contribuem para a Previdência. Essa tendência vem se verificando desde 2016 – coincidentemente, ou não, ano do impeachment. Naquele ano, quase dois terços dos ocupados (65,6%) contribuíam. No ano passado, essa proporção foi de 62,9%, ante 63,5% em 2018.
Em números absolutos, havia em 2019 um total de 58,7 milhão de contribuintes, até mais do que no ano anterior, devido ao crescimento da ocupação – ainda que predominem as vagas informais. Esse total era de aproximadamente 59,7 milhões em 2015. Assim, em quatro anos, o país perdeu perto de 1 milhão (exatos 941 mil) pessoas que contribuíam para a Previdência, pelo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.
A pesquisa do instituto é feita por amostragem. Mas dados da própria Previdência Social mostram essa tendência de queda nos últimos anos, conforme o seu Anuário Estatístico.
Entre as regiões brasileiras, a maior proporção de contribuintes está no Sul (75%) e a menor, no Norte (44%). Nas unidades da federação, varia de 38,4% (Pará) a 81,2% (Santa Catarina). Em São Paulo, é de 66,9%. Dezessete estados ficam abaixo da média nacional.
“A gente percebe que o crescimento da população contribuinte não está acompanhando o crescimento da população ocupada como um todo”, observa a analista do IBGE Adriana Beringuy. “Enquanto a população ocupada aumentou 2% (de 2018 para 2019), o contingente de contribuintes para a previdência só cresceu 1,7%. Como já vimos, o crescimento da população ocupada está calcado na informalidade. E, com o trabalho informal, diminui a contribuição previdenciária”, acrescenta.
Nesta sexta-feira (14), centrais sindicais e servidores fizeram protestos contra o que chamam de “desmonte” da Previdência. Manifestações foram realizadas em postos do INSS por todas as regiões do país.
Negros e jovens
A taxa média de desemprego no país foi de 11,9% no ano passado, mas cresce para alguns segmentos: é maior, por exemplo, entre jovens e negros, de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE.
Para os desempregados brancos, a taxa ficou em 8,7%. Sobe para 12,6% entre os pardos (classificação usada pelo instituto) e ainda mais entre os pretos, 13,5%.
No recorte por idade, a taxa de desemprego fica próxima da média nacional no grupo mais numeroso, que se concentra dos 25 aos 39 anos: 10,3%. Cai a 6,6% na faixa de 40 a 59 anos e ainda mais para trabalhadores acima de 60 anos (4,2%). E dispara na população de 18 a 24 anos (23,8%) e de 14 a 17 anos (39,2%).
Aproximadamente 2,9 milhões de desempregados procuram trabalho há pelo menos dois anos. Esse contingente cresceu 133% desde 2012. A maioria se concentra no período entre um mês e um ano.
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