Cerca de 430 famílias continuam sem lar após crime da Vale em Mariana em 2015. Por Maíra Gomes
POR MAÍRA GOMES
Comunidades centenárias, os distritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira foram atingidas pela lama de rejeitos após rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. De lá pra cá já se passaram quatro anos, e 430 famílias seguem sem um lar.
Obrigados a morar de aluguel, em casas de parentes, ou muito próximo à área afetada, os atingidos e atingidas esperaram a construção dos reassentamentos coletivos, responsabilidade da Fundação Renova e das empresas Vale/Samarco/BHPBilliton.
Casa Solidária denuncia negligência na reparação
Em denúncia à lentidão e negligência no processo de reassentamento coletivo, atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) constroem uma casa para uma família atingida.
Letícia Oliveira, militante do MAB em Barra Longa, ressalta a importância da construção. “Essa casa é um símbolo de que o povo tem força e luta pelos seus direitos. Esperamos quatro anos, não dá para esperar mais. A reparação integral é urgente”, diz.
Mesmo após quatro anos de luta, a família ainda não foi reconhecida como atingida. “A grande luta aqui é que a Fundação Renova reconheça que há um problema estrutural nas moradias. No entanto, ela trabalha com um conceito muito reduzido de atingidos”, explica Verônica Medeiros, coordenadora da Assessoria Técnica da AEDAS no município.
O projeto da casa foi feito pelo GEPSA, Grupo de Estudos e Pesquisa Socioambiental da UFOP, junto com Observatório do Reassentamento: rede de ações e apoio aos atingidos nos municípios de Mariana e Barra Longa.
A construção da casa é parte da Jornada de Luta dos Atingidos, chamada “A Vale Destrói, o Povo Constrói”, com o objetivo de denunciar os crimes dos rompimentos das barragens de Fundão e Córrego do Feijão em Brumadinho. A jornada segue até janeiro de 2020.
Contribua
A casa será construída via campanhas de arrecadação. As doações já começaram, com caixinhas espalhadas por todo o país. Também é possível ajudar pela plataforma online de financiamento coletivo Catarse. A campanha pode ser encontrada no link: catarse.me/opovoconstroi.
www.diariodocentrodomundo.com.br / publicado originalmente no site Brasil de Fato