A taxa de desemprego ficou estável, mas a notícia é ruim: país está criando mais postos informais. Sem chance de recolocação, o que resta é trabalhar por conta própria ou sem carteira assinada para sobreviver.
A taxa de desemprego permanece em 11,8% e atinge 12,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no trimestre móvel terminado em agosto, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
O que explica a estabilidade na taxa de desemprego é o aumento do trabalho precário. Mais uma vez a informalidade bateu recorde e atinge 38,8 milhões de brasileiros. Desse total, 11,8 milhões trabalham sem carteira, 24,3 milhões trabalham por conta própria com ou sem CNPJ e 2,19 milhões ajudam em negócios familiares.
Na comparação com o trimestre anterior, o aumento foi 3,6% (+ 411 mil pessoas na informalidade). Já na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento de 5,9% (+ 661 mil pessoas).
Apesar de estável em relação ao trimestre anterior, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa mais 1,1 milhão de trabalhadores obrigados a recorrer aos “bicos” para sobreviver.
Falta trabalho para 27,8 milhões
A pesquisa do IBGE mostra também uma pequena queda na taxa de subutilização. O número de subutilizados passou de 28,5 milhões para 27,8 milhões (-0,7 pontos percentuais).
No grupo subutilizados, o IBGE soma os desempregados, os subocupados – pessoas que precisam e querem trabalhar mais horas, mas não conseguem colocação –, e a força de trabalho potencial – aqueles que na semana da pesquisa não estavam procurando emprego porque não têm dinheiro para passagem ou porque não estão conseguindo.
Outros 4,7 milhões continuam desalentados – cansaram de procurar emprego e não encontrar. Em relação ao período anterior, houve uma queda de 3,9%. Comparado com o mesmo período de 2018, o índice se manteve estável.
O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (7,2 milhões) ficou estavel em relação ao trimestre anterior e cresceu 8,5% (ou mais 568 mil pessoas subocupadas) em relação ao mesmo trimestre de 2018.
A força de trabalho potencial (8,0 milhões de pessoas) caiu 4,3% (menos 357 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e ficou estável frente a igual trimestre de 2018.
Rendimento
O rendimento médio real (R$ 2.298) no trimestre móvel terminado em agosto de 2019 ficou estável em ambas as comparações, assim como a massa de rendimento real (R$ 209,9 bilhões) do mesmo período.
www.cut.org.br/ André Accarini e Marize Muniz