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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Entrevista Emir Sader – O Estado antidemocrático

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Entrevista concedida a Rogaciano Medeiros, jornalista do Jornal O Bancário

Pesquisador,professor de Filosofia Política e Sociologia em universidades de grande credibilidade como USP, Unicamp e UErJ, Emir Simão Sader afirma que o Brasil atravessa um “Estado antidemocrático” e diz que o ultraliberalismo de Bolsonaro é bem pior do que o neoliberalismo de FHC.

Ele ministrou o curso Formação Política, promovido pelo Sindicato dos Bancários da Bahia, semana passada,quando falou com exclusividade para O Bancário. Como afirma na entrevista, a tarefa emergencial é reconquistar a democracia e construir um “regime solidário e humanista”.

O BANCÁRIO – Quais os principais fatores que levaram o Brasil a tamanho retrocesso?
SADER – O primeiro e mais importante é a intolerância da oligarquia que está no poder, de conviver com os direitos dos trabalhadores. Fizeram de tudo, inclusive tramóias e ilegalidades para impedir que o Lula fosse eleito e o Haddad também fosse eleito, que não seriam governos radicais. Seriam governos que conviveriam com os interesses deles,mas afirmariam os interesses dos trabalhadores.

O BANCÁRIO – Quais os principais fatores que levaram o Brasil a tamanho retrocesso?
SADER – O primeiro e mais importante é a intolerância da oligarquia que está no poder, de conviver com os direitos dos trabalhadores. Fizeram de tudo, inclusive tramóias e ilegalidades para impedir que o Lula fosse eleito e o Haddad também fosse eleito, que não seriam governos radicais. Seriam governos que conviveriam com os interesses deles, mas afirmariam os interesses dos trabalhadores.

O BANCÁRIO – Qual a diferença entre o neoliberalismo tucano de FHC e esse ultraliberalismo de Bolsonaro, que no livro o senhor chama de pós neoliberalismo?
SADER – Primeiro, o outro tinha um caráter democrático. Ganhou eleições, perdeu eleições, enquanto esse de agora não tem caráter democrático. Segundo, o neoliberalismo dos tucanos era relativamente mais moderado, sobretudo em termos de políticas sociais, direitos do trabalhador e outras questões. Eram contra, mas conseguiam conviver e tampouco radicalizaram tanto na privatização do patrimônio público.

O BANCÁRIO – Professor, vivemos o Estado pós democrático, como sugere o título do livro do jurista Rubens Casarra?
SADER – Olha, pós democrático não quer dizer muita coisa, assim como pós neoliberalismo também não quer dizer. Só significa que veio depois. Eu acho que na verdade é um estado antidemocrático. Isso é mais central. Sempre que o neoliberalismo não conquista bases de apoio, suas políticas são muito restritas para manter o interesse da população, eles precisam de um regime de exceção para poder se manter no poder.

O BANCÁRIO – Bolsonaro conclui o mandato?
SADER – Não dá para saber. É um processo aberto, eu acho que a princípio ele não conclui, porque nem os interesses das elites dominantes que o elegeram ele atende plenamente.

O BANCÁRIO – O que é pior, com Bolsonaro ou sem Bolsonaro mas com essas forças que o sustentam?
SADER – Para a direita é melhor sem Bolsonaro. Ele foi um ótimo candidato, mas é um péssimo governante. Para o país, sem Bolsonaro, com certeza. Para a esquerda, quanto mais tempo ele ficar, mais ele vai desorganizar a possibilidade de a direita dirigir o país.

O BANCÁRIO – Até que ponto o escândalo da Lava Jato pode contribuir para a resistência democrática?
SADER – O escândalo confirma tudo que a esquerda, a começar pelo Lula, sempre disse. Perguntamos para Lula se alguma coisa o escandalizou no que o Intercept está revelando e ele disse que não, que era tudo que ele imaginava.

O BANCÁRIO – Além da retomada da democracia, como recolocar o homem no centro da sociedade, hoje ocupada pelo deus mercado?
SADER – Terminar com o neoliberalismo, onde o que conta é o poder do dinheiro, não as pessoas, as necessidades do ser humano. O que é preciso fazer é superar o neoliberalismo e construir um regime solidário e humanista.

www.bancariosbahia.org.br

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