Unidade demonstrada no 1º de maio e na Greve Nacional da Educação indica Greve Geral histórica no dia 14 de junho
A Greve Geral que vai parar o Brasil no dia 14 de junho é um esforço unitário para barrar a reforma da Previdência do governo Bolsonaro (PSL) e interromper a sequência de projetos que estão acabando com os direitos sociais. A paralisação foi chamada durante as manifestações unitárias do Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora.
Será a primeira vez em que todas as centrais sindicais – CUT, CTB, CSP-Conlutas, CGTB, CSB, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e UGT -, além das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e dos partidos políticos, deixarão de lado suas diferenças para lutarem juntas. “Precisamos unificar o campo mais amplo possível, todos os setores que se colocam contra esse projeto ultraneoliberal”, sinaliza o presidente da CTB/RS, Guiomar Vidor.
“A CPI do Senado comprovou que, quando tivemos crescimento econômico, a Previdência foi superavitária”, diz Vidor. Para ele, não existe déficit, mas sim uma campanha de mentiras: “Primeiro, tinha que aprovar a PEC 95 e congelar investimentos para o Brasil voltar a crescer, e o que veio foi a estagnação econômica. Depois, flexibilizar a CLT para gerar empregos, e o desemprego só aumenta. Agora, dizem que tem que aprovar a reforma senão não tem crescimento”.
Rompendo com a polarização
O presidente da CGTB no RS, Nelcir André Varnier, considera a unidade fundamental para romper com a polaridade que impede o trabalhador que apostou nesse governo de perceber que as medidas são contra ele próprio. “Muitos já estão percebendo que os projetos nos levam a um país de miseráveis, agravando a insegurança e violência”, argumenta. “A greve – explica – busca dialogar, sem partidarizar, para romper essa polarização que faz com que as pessoas apoiem medidas danosas só para ver seu lado vencer”.
“A previdência não é despesa, é investimento. É um mecanismo de distribuição de riqueza, gera consumo e mercado”, afirma Varnier. “Pelotas e Porto Alegre recebem mais recursos do INSS do que o fundo de participação dos municípios do ICMS”, exemplifica, entendendo que a reforma afeta toda a sociedade brasileira, pois “concentra ainda mais a riqueza nas mãos de poucos”.
Bolsonaro faz com a aposentadoria o que Collor fez com a poupança
Na opinião do presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, as manifestações do 1º de Maio foram históricas, resultado da “angústia pelo eminente fim da aposentadoria”. Explica que as centrais estão com uma agenda intensiva nos locais de trabalho até o 14 de junho, para mostrar aos trabalhadores que eles “estão sendo enrolados com essa reforma que não combate privilégios, tanto que juízes, militares e políticos estão de fora”.
Nespolo também critica o sistema de capitalização, que só beneficia o setor financeiro. Recorda que países que o adotaram hoje entregam pensões miseráveis e estão voltando atrás, caso do Chile. “Neste modelo, só o trabalhador contribui. Com empregos precários, muitos não vão alcançar o tempo mínimo de 20 anos e terão seu fundo retido. Se Collor confiscou a poupança nos anos 90, agora Bolsonaro está confiscando a aposentadoria”, denuncia.
Pensões reduzidas pela metade
Na avaliação do dirigente estadual da CSP-Conlutas, Érico Correa, privatizar a aposentadoria e deixá-la na mão dos banqueiros coloca em risco a maior conquista social do povo brasileiro e traz inúmeras perdas diretas: “Reduz a pensão em 50%, dificulta a aposentadoria por invalidez, corta a acumulação de aposentadoria e pensão, aumenta o tempo de contribuição e as exigências para a aposentadoria”.
Correa aponta que o governo Bolsonaro tem dificultado a existência dos sindicatos para não haver capacidade de resistência, mas as categorias estão trabalhando para chegar na massa trabalhadora. “No governo Temer, em 2017, derrotamos a reforma da previdência com a greve do dia 28 de abril. A única forma de vencer é com milhões de pessoas nas ruas. A greve geral tem que cumprir esse papel”, avalia.
Para as mulheres será ainda pior
Além de considerar o projeto subserviente ao setor financeiro internacional, a dirigente da Intersindical, Berna Menezes, recorda que as mulheres serão mais penalizadas na reforma, com o aumento da idade mínima maior em relação aos homens. “Com uma série de questões fisiológicas somadas a jornadas triplas, trabalho não pago, diminuir essa diferença é um horror”, protesta.
A greve geral é decisiva, na opinião da dirigente, e a reforma é “a ponta do iceberg”. Nota que também existe a perseguição aos sindicatos e a criminalização das lutas sociais. “Temos que jogar todas as fichas. Agora é unidade para enfrentar esse governo que não só vai quebrar o país e sua população, mas acabar com a natureza e com os movimentos sociais”, conclui.