Um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) juntamente com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) comprova que as políticas do governo de Michel Temer provocam uma das maiores recessões da história do país.
De acordo com o levantamento, 64% das brasileiras e brasileiros precisaram de atividades extras – o popular bico – para complementar o orçamento doméstico no primeiro semestre deste ano, no mesmo período de 2017, 57% faziam bicos pelo mesmo motivo. Nas classes C, D e E, nada menos do que 70% dos entrevistados disseram fazer bicos para sobreviver.
A pesquisa que ouviu 886 pessoas, com mais de 18 anos, nas 27 capitais brasileiras mostra a recessão nua e crua. “Com a reforma trabalhista, os salários têm caído demais e com mais de 27 milhões de desempregados e subempregados a situação fica ainda pior”, afirma Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
As respostas dos pesquisados confirmam a afirmação de Vânia. “A descrença no desgoverno Temer e na recuperação do país aumenta conforme a crise se aprofunda”, diz ela. Isso porque o levantamento mostra que 51% acreditam que a economia piorou neste ano. Em 2017 eram 44%. Já para 34% suas condições financeiras não se alteraram e apenas 19% pensam que melhorou.
Os dados também não alimentam muitas esperanças para o comércio. No período avaliado, 83% fizeram cortes de gastos para conseguir pagar as contas e 77% não sentem a propalada melhora na economia que Temer garante ocorrer.
Austeridade causa pobreza
“Podemos sentir o efeito da política de austeridade econômica nas ruas das grandes cidades”, acentua Vânia. “A pobreza aumenta a olhos vistos e o número de pedintes e de moradores de rua aumenta absurdamente”.
Comer fora de casa não pertence mais a 61% das famílias brasileiras. Por incrível que pareça esse tipo de corte no orçamento doméstico afeta as pessoas de renda mais alta, das quais 74% disseram ter diminuído as refeições fora de casa.
Já 57% estão comprando menos roupas, calçados e acessórios. Enquanto 55% diminuíram o consumo dos itens que não são de primeira necessidade em supermercados, como carnes nobres, congelados, iogurtes e bebidas. Os gastos com lazer e cultura foram reduzidos por 53% e 30% dos pesquisados disseram que venderam algum bem para conseguir dinheiro para se manter.
Os efeitos da recessão estão nas ruas. Os juros estão muito altos para 56%, já outros 54% reclamam da falta de vagas no mercado de trabalho, enquanto 57% disseram estar desempregados ou tiveram algum membro da família que perdeu o emprego recentemente.
E as notícias ruins não cessam. Entre os entrevistados, 69% acham que não vão concretizar algum plano traçado para 2018 e 51% acreditam que as eleições vão influenciar o comportamento da economia.
“Nota-se com esse estudo que o povo tem noção de que é preciso mudar os rumos do país, porque já estamos de volta ao vergonhoso Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) e com esse rumo não tem fim para a escalada abaixo”, finaliza Vânia.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB