Para denunciar a situação precária de suas vidas, as mulheres negras marcham pelas ruas de Salvador e São Paulo nesta quarta-feira (25) – Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha – e no domingo (29) no Rio de Janeiro.
Muitos eventos e manifestações vêm ocorrendo desde o dia 1º de julho para refletir sobre a necessidade de acabar a discriminação e a violência contra as mulheres. “Na conjuntura de retrocessos que vivemos é fundamental a mobilização das mulheres em defesa de seus direitos e de suas vidas”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
“Principalmente as mulheres negras que estão na base da pirâmide social”, complementa Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB. “O racismo institucionalizado e o sexismo impedem que as negras tenham uma vida plena e sem medo”.
Bahia
A marcha das baianas marca o ponto alto da 6ª Edição do Julho das Pretas, que lembra ainda o Dia Nacional de Tereza de Benguela, também comemorado em 25 de julho. Tereza viveu na no século 18 no Vale do Guaporé, no Mato Grosso e liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho. Segundo documentos da época, o lugar abrigava aproximadamente 79 negros e 30 índios. Ela foi morta após ser capturada em 1770.
“Denunciamos a dupla discriminação que as negras sofrem e defendemos direitos iguais para todas e todos, pondo fim ao racismo e a todo tipo de discriminação”, diz Marilene Betros, secretária da Mulher da CTB-BA e de Políticas Educacionais da CTB.
A concentração para a Marcha das Mulheres Negras de Salvador começa às 13h, na Praça da Piedade e seguirá ao Terreiro de Jesus, onde será realizado o Ato Político Cultural Mulheres Negras Movem a Bahia, a partir das 17h.
São Paulo
As paulistanas levam a sua força para às ruas de São Paulo com o tema “Por todas nós e pelo bem viver! Exigimos o fim da negligência e violência do Estado”. Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da CTB-SP, lembra que as estatísticas mostram que as mulheres negras ganham até 63% a menos que os homens brancos como atesta a ONG Women 20 Outreach Brazil.
“A nossa luta é para criarmos condições de vida melhores para todas as pessoas”, afirma Gicélia. “A nossa marcha deste ano serve também para mobilizar a sociedade para o Dia do Basta (10 de agosto) para barrar os retrocessos promovidos pelo governo golpista”.
A concentração acontece na Praça Roosevelt, centro da capital paulista, às 17h, com a participação do Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais e com forte presença da CTB.
“Precisamos vencer o golpe, elegendo mais mulheres, negros, representantes da classe trabalhadora e candidatos comprometidos com a juventude para construirmos o país dos nossos sonhos”, conclui Gicélia.
Rio de Janeiro
O tema das Marcha das Mulheres Negras na capital fluminense é “Pela vida do povo preto: mais mulheres negras no poder”. De acordo com Regina Souza, do Coletivo de Mulheres da CTB-RJ, “A intervenção militar trouxe uma preocupação a mais às mulheres negras porque a violência contra a juventude vem aumentando nas comunidades”.
Por isso, diz ela, o Fórum Estadual das Mulheres Negras do Rio de Janeiro com inúmeras entidades promete sacudir a “hipocrisia dos governantes que estão acabando com as conquistas sociais da população negra no Rio de Janeiro”. A concentração das cariocas ocorre às 10h no Posto 4 da Praia de Copacabana.
Sergipe
Os movimentos sociais e sindical de Sergipe vêm realizando atividades ao longo de julho. Nesta quarta-feira (25) acontece o lançamento do jornal “Vozes Diaspóricas”, das 17h às 22h na Praça General Valadão, no centro de Aracaju e na quinta-feira (26) e na sexta-feira o Coletivo Quilombo Ubuntu Teatro Negro se apresenta na sede do Abaô (Rua Reis Lima, 193- bairro Industrial – Aracaju).
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB