Brasil de Fato Editorial – 1º de maio unificado contra a Reforma da Previdência
Nesse momento, a ordem é unidade para dar uma resposta popular ao projeto de reforma da previdência
No Brasil, em meio ao aprofundamento da crise política, econômica e social, o que vemos é uma escalada de retrocessos contra a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. O índice de desemprego, que só aumenta, atualmente está na faixa dos 12,4%, segundo o IBGE e a população fora da força de trabalho é recorde, de 65,7 milhões de pessoas. O que temos é uma classe trabalhadora sem trabalho formal ou ocupando vagas de subemprego.
Nesse caminho, vemos o governo neofascista de Bolsonaro extinguindo Secretarias, Conselhos e espaços de exercício da política e da cidadania; destruindo uma série de programas sociais que possibilitaram a melhoria da qualidade de vida, especialmente no nordeste, como o Minha Casa Minha Vida, a Farmácia Popular e as políticas que fomentam tecnologias sociais de acesso a água e crédito rural, que evitaram problemas em uma das maiores estiagens no semiárido dos últimos anos.
Num cenário tão difícil, o 1º de maio é uma forma de dar uma resposta aos desmandos de Bolsonaro, especialmente no carro chefe da sua escalada de retirada de direitos, que é a reforma da previdência. Mesmo nesse cenário recente de derrota dos trabalhadores, a reforma da previdência ainda é uma das pautas que pode ser enterrada.
O que pode contribuir na mobilização popular para barrar o projeto é a união de todas as centrais sindicais junto com os movimentos populares, que vem superando as divergências políticas e construindo unidade na luta contra a reforma. Essa mesma unidade também foi vista em 2018, quando uma das principais pautas dos atos no país foi a defesa do ex-presidente Lula, e em 2017, quando os retrocessos do governo Temer levaram as organizações para as ruas com o lema “Nenhum direito a menos”.
Aliás, a reforma da previdência é uma pauta antiga. Desde o golpe de 2016, o pacote de maldades do governo Temer já previa as reformas trabalhista e da previdência. A primeira, aliás, foi aprovada e agora vemos na prática seus efeitos: mais terceirização, mais subemprego, mais exploração e cada vez menos garantia de direitos. Se a reforma da previdência proposta por Temer já era ruim, o projeto de Bolsonaro consegue ser ainda pior: aumenta a idade mínima, diminui o valor do benefício, desconsidera a dupla jornada de trabalho das mulheres e na prática, impede os trabalhadores e trabalhadoras do campo de obter a aposentadoria. Como se tantas ameaças aos direitos conquistados já não fossem o suficiente, o governo pediu sigilo sobre os estudos que basearam o projeto da reforma, ou seja, não é possível saber o impacto real dessa reforma, já que esses estudos não podem mais ser acessados. O risco é a aprovação de um projeto que a população não sabe em que se baseia e quais os seus impactos esperados, além do evidente fim da aposentadoria para quem mais trabalha.
A verdade é que entre o povo não há quem defenda a reforma. Agora, a questão é como transformar essa oposição dispersa numa resposta organizada. Esse é provavelmente o maior desafio do 1º de maio como uma data histórica de luta em defesa dos direitos dos trabalhadores.