2019 começou, mas guarda em seu curso os anseios, desafios e ataques que o Brasil e seu povo vem sofrendo desde 2016, após o golpe parlamentar que enterrou uma proposta de governo que vinha realizado, ainda que de forma acanhada, mudanças importantes no país.
Retomar o crescimento com justiça social, gerar emprego, garantir valorização dos salários, defender a aposentadoria, barrar o aumento da jornada de trabalho, exigir respeito às liberdades e, sobretudo, combater a fome são agendas que estão no topo da luta da sociedade civil organizada há tempos, mas ganham ainda mais centralidade frente a uma agenda de extrema direita que tem como principal personagem Jair Bolsonaro e sua trupe.
Mas, quais são as possibilidades para a economia brasileira voltar a crescer em em 2019? Qual o futuro da economia, da política e das instituições da República permanecem muito altas? É o que questiona o Boletim de Número 17, publicado em Dezembro de 2018, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Mesmo com novo governo, agora eleito pelo voto, e novo Congresso, o país permanece imerso em nevoeiro. O novo governo não dá detalhamento das propostas. De certo, percebemos que haverá, sim, ampla reforma administrativa, que pode paralisar ainda mais o Estado, privatizar ainda mais e torna a vida do povo ainda mais difícil.
No campo da política, o discurso do novo presidente deixa de cabelo em pé que luta por um projeto que retome crescimento com emprego e distribuição de renda, por outro lado, acalenta o coração daqueles que querem o fim do Estado e a financeirização irrestrita da economia.
A orientação de Bolsonaro é ultraliberal e muito diversa daquela vigente entre 2003 e início de 2016, cuja marca principal foi a inclusão social via políticas públicas e ações afirmativas do Estado.
Outro detalhe que percorre os corredores institucionais é que seja de esquerda seja de direita, todos e todas, estão em alerta. Isso porque ninguém aposta alto, de fato, neste governo.
A direita se fia pela orientação ultraliberal, com benefícios certos para a iniciativa privada, aprofundamento da reforma trabalhista, aplicação da reforma previdenciária, mais privatizadas, manutenção da Emenda Constitucional 95, sem falar na desastrosa política externa com alinhamento subserviente aos Estados Unidos.
Os “amigos” do governo observam alerta e até desconfiam, no entanto, da capacidade política e administrativa de levar, ao fim e ao cabo, todas essas ações e fazer o país crescer dentro do modelo socioeconômico que o olimpo econômico defende. Ou seja, sem caos social. O que cenário fértil para uma especulação fértil de lucros extraordinários, mas que destrói a estrutura mínima que possuímos para as políticas públicas.
Com um jogo de palavras perverso que de baseia nos anseios mais candentes de nosso povo, o governo eleito “vende” a ideia que de, com Estado Mínimo, poderemos ter progresso com aumento da renda e do bem-estar social. A conta não fecha. Ainda que nos marcos de um sistema desigual, o Estado como agente indutor e fortalecido é o primeiro passo para a aplicação das políticas públicas necessárias para abrandar as falhas de mercado, alavancar a distribuição de renda, ampliar a inclusão social e reduzir as desigualdades.
Em um país tão heterogêneo e desigual como o Brasil, o discurso cibernético vazio Jair Bolsonaro aponta para um horizonte de desalento, que a cada dia fica mais claro para milhões de brasileiros, sobretudo, para os que acreditaram que o “mito” resolveria as questões seculares presentes em nosso país.
2019 começou e iremos acompanhar, dia a dia, o desenrolar do que já é um vexame nacional. E não nos enganemos, a luta, organização, conscientização e resistência serão fundamentais na próxima etapa.
Joanne Mota é jornalista, assessora da CTB Nacional e Pós- Graduada em Globalização e Cultura.
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