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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Em 11 anos, 73% dos homicídios no Brasil foram contra negros

Pretos e pardos no Brasil têm três vezes mais risco de serem assassinados - Fernando Frazão/Agência Brasil
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Atlas da Violência mostra que a chance de morte violenta entre pretos e pardos é quase três vezes maior

De 2012 a 2022, em média, 111 pessoas negras foram assassinadas por dia no Brasil. Esse número é 2,7 vezes maior do em comparação com pessoas não negras, segundo dados do mais recente Atlas da Violência, divulgado nessa terça-feira (18/06).

Foram 609.697 homicídios registrados no período, de acordo com o documento elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Desse total, 445.442 eram pretos ou pardos, o que corresponde a 73% dos homicídios contabilizados no país.

O estado de Alagoas foi o que apresentou, em 2022, o maior risco relativo de uma pessoa negra ser vítima de violência letal – a chance é 23,7 vezes maior do que em relação a pessoas com outros tons de pele.

Violência contra crianças e jovens

Mais da metade das vítimas de homicídios no Brasil no período analisado (2012-2022) tinha entre 15 e 29 anos. O relatório mostra que 321.466 jovens dessa faixa etária morreram de forma violenta, uma média de 80 por dia.

Isso significa que 15.220.914 anos potenciais de vida de crianças e jovens foram perdidos no Brasil para a violência.

As taxas de homicídios de jovens caíram entre 2017 e 2021, no entanto, o decréscimo foi mais intenso entre jovens brancos do que entre jovens negros, o que ampliou a desigualdade em termos de vulnerabilidade à violência letal, destaca o documento.

Sobre violência contra crianças e adolescentes, o Atlas destaca que meninas de 10 a 14 anos são as maiores vítimas de violência sexual no Brasil. Elas sofrem, proporcionalmente, mais ataques sexuais do que mulheres adultas.

Em 2022, 49,6% das meninas nessa faixa etária atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devido a casos de violência foram violentadas sexualmente. Entra nessa categoria de violência situações em que uma pessoa se vale de uma posição de poder e usa da força ou influência psicológica para forçar uma interação sexual, incluindo casos de estupro.

“Se tivéssemos que descrever o que é ser uma mulher no Brasil, poderíamos dizer que na primeira infância é a negligência a forma mais frequente de violência, cujos principais autores são pais e mães, na mesma proporção. A partir dos 10 até os 14 anos, essas meninas são vitimadas principalmente por formas de violência sexual, com homens que ocupam as funções de pai e padrasto como principais algozes. Dos 15 até os 69 anos, é a violência física provocada por pais, padrastos, namorados ou maridos a forma de violência prevalente entre as mulheres”, explicam os autores do documento.

Mortes ocultas

De acordo com o Atlas, os números de homicídios são subnotificados no país. No período analisado, 131.562 pessoas morreram de morte violenta sem que o Estado conseguisse identificar a causa básica do óbito, se decorrente de acidentes, suicídios ou homicídios.

O relatório calcula que nesses 11 anos tenha havido 51.726 assassinatos não contabilizados, o que faria com o que o número de homicídios subisse para 661.423.

“Para que se possa entender a magnitude do problema, o número de homicídios ocultos entre 2012 e 2022 foi maior do que todos os homicídios ocorridos no último ano analisado”, diz o documento.

www.brasildefato.com.br/Deutsche Welle

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