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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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MacDonald’s, Coca-cola e Walmart usam trabalho escravo de presos norte-americanos

Na Lousiana, guarda penitenciário conduz prisioneiros ao trabalho escravo (Arquivo)
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Denúncia consta de estudo da agência Associated Press

O trabalho escravo, forçado e não remunerado, em fazendas penitenciárias dos Estados Unidos é usado por empresas como McDonald’s, Walmart e Coca-Cola, revelou investigação da Associated Press.

Os detentos, em sua maioria negros, são obrigados a trabalhar sob vigia constante e sem direitos ou condições mínimas. Eles também não podem reclamar, sob risco de serem colocados em cela solitária e perder sua liberdade condicional. Quando há salário, ele varia entre US$ 0,02 e US$ 0,40 por hora.

Um dos casos investigado pela The Associated Press é o da Penitenciária Estadual da Louisiana, também chamada de “Angola” por ter sido construída em uma antiga fazenda que utilizava trabalho escravo.

Calvin Thomas, que esteve por 17 anos neste presídio, disse que “você não pode chamar isso de nenhuma outra coisa. É apenas escravidão”.

“Se ele [guarda] atirar para o alto porque você ultrapassou essa linha, isso significa que você será trancado e terá que pagar pela bala que ele disparou”.

Outro ex-detento em “Angola”, Willie Ingram, conta que viu pessoas trabalhando sob forte calor e sem acesso à água. Em caso de protesto, os policiais penitenciários partiam para a violência contra os detentos.

A Penitenciária Estadual da Louisiana hoje “abriga cerca de 3.800 homens atrás de seus muros de arame farpado, cerca de 65% deles negros”, segundo a AP. Eles trabalham, inicialmente de graça, criando gado.

“Caminhões sem identificação, cheios de gado criado na prisão, saem da Penitenciária Estadual da Louisiana, onde os homens são condenados a trabalhos forçados e forçados a trabalhar, por centavos por hora ou, às vezes, por nada”, identificou a reportagem da AP.

As vacas são vendidas no mercado local e depois encaminhadas para um matadouro no Texas. A carne é depois utilizada em redes como McDonald’s, Walmart e Cargill.

Outras penitenciárias obrigam os detentos a produzir cereais e farinhas, que depois são utilizadas até pela Coca-Cola. Os produtos vindos do trabalho forçado “estão nas prateleiras de praticamente todos os supermercados do país, incluindo Kroger, Target, Aldi e Whole Foods”.

“Os gigantescos comerciantes de commodities que são essenciais para alimentar o mundo, como Cargill, Bunge, Louis Dreyfus, Archer Daniels Midland e Consolidated Grain and Barge – que juntas registram receitas anuais de mais de US$ 400 bilhões – arrecadaram nos últimos anos milhões de dólares em soja, milho e trigo direto das prisões, que competem com os agricultores locais”, assinalou a AP.

“As maiores operações [de fazendas penitenciárias] continuam no sul e as colheitas são feitas em uma série de antigas fazendas escravistas, incluindo no Arkansas, Texas e na notória Fazenda Parchman, no Mississipi. Esses estados, juntamente com Flórida, Alabama, Carolina do Sul e Geórgia, não pagam nada pela maioria dos tipos de trabalho”, assinala o jornal.

A Fazenda Parchman é famosa por ser citada em um blues de 1937, composta por Bukka White, que relata o trabalho forçado na Penitenciária Estadual do Mississipi.

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