Campanha Brasil sem Misoginia, do Ministério das Mulheres, quer mobilizar a sociedade para o enfrentamento a todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres
Os números alarmantes de feminicídio no Brasil e as diversas formas de violências praticadas contra as mulheres, inclusive, no trabalho, levaram o Ministério das Mulheres a criar a campanha “Brasil sem Misoginia”, que será lançada oficialmente, a partir das 15 horas, em Brasília.
Dados do Fórum de Segurança Pública mostram que em 2022, mais de 18 milhões de mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil. Nesse grupo, as mais agredidas por parceiros íntimos são mães. No primeiro semestre deste ano (janeiro a junho), o Monitor de Feminicídios no Brasil (MFB), registrou 862 feminicídios, sendo 599 consumados e 263 tentados.
A violência contra as mulheres também se dá no ambiente de trabalho, em que as mulheres ganham menos do que os homens, muitas vezes na mesma função. Dados do 3º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelam que o rendimento médio real mensal das mulheres ocupadas era de R$ 2.305 e dos homens R$ 2.909, o que corresponde a 21% a menos. Outra forma de violência no trabalho é quando essas trabalhadoras se tornam mães elas perdem o emprego, como mostrou um estudo da Fundação Getúlio Vargas de 2017, de que metade das mulheres perde o emprego depois da licença maternidade.
A campanha do Ministério das Mulheres pretende fazer um chamado a todos os setores brasileiros – governos, empresas, sociedade civil, ONGs, times de futebol e torcidas organizadas, universidades, grupos religiosos, entre outros – com o objetivo de estimular o debate sobre o tema no país e a execução de ações diversas de enfrentamento à misoginia.
Se queremos acabar com a violência no Brasil, precisamos enfrentar o ódio”, disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro.
“É uma iniciativa que a gente começou a estudar e pensar logo no início, quando tomamos posse no governo. Existe uma demanda. Aumentou o número de feminicídios, de violência sexual, de todas as formas de violência. A gente foi estudar qual a grande causa desse aumento tão disperso e diverso efetivamente. Chegamos à conclusão de que é a misoginia, é o ódio contra as mulheres. É isso que leva a todas as formas de violência”, afirmou a ministra.
Canais misóginos
A iniciativa deve envolver diversos setores – governos, empresas, sociedade civil, organizações não governamentais (ONGs), times de futebol, torcidas organizadas, universidades e grupos religiosos, entre outros. Segundo a ministra, mais de 100 empresas devem assinar um termo de adesão ao Brasil sem Misoginia. “Onde pudermos chegar, para que possamos ter uma sociedade que se mobilize, que não aceite e que não tolere o ódio contra as mulheres”.
“A gente espera que elas [as empresas] tomem uma atitude. Temos mais de 80 canais, no YouTube principalmente, que propagam todos os dias o ódio contra as mulheres – 35 desses canais são monetizados. O que esperamos das empresas? Que não monetizem, que não paguem esses canais para continuar fazendo o ódio. O ódio não dá para ser financiado.”
“Outra coisa: essas empresas têm comunicação, têm propaganda, milhares de trabalhadores. É importante que a empresa chegue e diga ‘Essa empresa não aceita misoginia, não trabalha com ódio’. Isso fortalece o governo para fazer políticas públicas, fortalece o Congresso para pensar leis e avançar nesse processo. A ideia é a gente acordar o povo brasileiro, homens e mulheres, porque não é uma iniciativa só para as mulheres, é para os homens também”, completou.
O evento será às 15h no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, e recebe o apoio da Secretaria de Estado da Mulher do Governo do Distrito Federal, da Caixa Econômica Federal e da ONU Mulheres.
www.cut.org.br/ Com informações da Agência Brasil