Durante todo o dia desta quarta-feira (31), dirigentes sindicais de várias cidades baianas debateram temas sobre a situação da mulher trabalhadora no 5º Encontro Estadual de Mulheres da CTB Bahia. Com o tema “Mulheres trabalhadoras: raça e classe, um olhar interseccional no mundo do trabalho”, o evento aconteceu na sede da APLB-Sindicato de Feira de Santana. Lucineide Sampaio secretária de formação e comunicação do Sinposba representou a entidade.
Na abertura, a secretária da Mulher, Flora Lassance, destacou que o momento é de unidade e mobilização das mulheres trabalhadoras. “Parabenizo o nosso coletivo de mulheres pela construção desse encontro. Vivemos um momento importante com a vitória de Lula, que teve a participação expressiva das mulheres, especialmente na Bahia. A CTB está comprometida com as nossas pautas e vai atuar para que se tornem políticas públicas. Esse encontro é para alinharmos e organizarmos nossas ações no movimento sindical e na interação com os movimentos sociais”, afirmou.
A presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, reforçou que o novo Brasil é propício a mais avanços para as trabalhadoras e as mulheres brasileiras. “É organizar a luta para mudar essa realidade e ampliar nossos direitos, pois o governo é nosso, mas o Congresso eleito é mais conservador. É positiva a lei da igualdade salarial entre homens e mulheres, mas temos que garantir isso na prática. Também precisamos estimular a presença das nossas dirigentes em espaços de poder nos sindicatos para avançar. Da mesma forma, na política, lançando mais mulheres nas próximas eleições”, defendeu, citando como exemplos da luta feminista Loreta Valadares, Mari Castro e Ubiraci Matilde.
Palestrante da manhã, a coordenadora do Dieese Bahia, Ana Georgina, mostrou dados sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho. “Parabéns a CTB pelo tema do encontro. É importante ver que há uma hierarquia na opressão, pegando classe, gênero e raça. Os negros correspondem a 81% da população baiana, mas estão nas piores situações. Por isso, é importante políticas específicas para corrigir os problemas e entender que o racismo e o machismo são mecanismos de dominação na sociedade capitalista”, pontuou.
Ex-secretária de Política para as Mulheres do governo baiano, Julieta Palmeira defendeu que a CTB seja uma Central feminista. “Tem que fortalecer as lutas gerais das mulheres contra o machismo, a violência e todas as formas de opressão. Rosa ser presidenta da maior Central da Bahia é uma conquista importante para empoderar outras mulheres. Precisamos de mais mulheres presidentas de sindicatos e ocupando espaços importantes. A luta feminista é de toda a sociedade”, afirmou.
CEO da Wakanda – Educação empreendedora, Karine Oliveira (considerada uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Forbes) falou da sua experiência como empresária. “Dinheiro nas mãos de pessoas negras é distribuição de renda. Em nossa caminhada, procuramos mostrar às mulheres que, juntas, elas podem ter renda e conquistar autonomia. Que é preciso aproveitar as oportunidades. Minha empresa cresceu na pandemia e muito do que aprendi foi com a Economia Solidária. Por isso, antes de ser empresária, sou militante das causas sociais, especialmente das mulheres”, enfatizou.
Para a coordenadora da CTB Portal do Sertão, Daiana Alcântara, as trabalhadoras precisam de mais políticas públicas. “Creche, por exemplo, não é privilégio, mas um equipamento importante para desenvolver seu trabalho com tranquilidade e qualidade de vida”, destacou.
CLASSE, GÊNERO E RAÇA
A presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais, Sirlene Assis, enfatizou a necessidade de o movimento sindical trabalhar a relação classe, gênero e raça. “No mercado de trabalho, as mulheres negras são as mais atingidas pelos problemas do capitalismo. Também é importante trabalhar para acabar os preconceitos contra as mulheres nos sindicatos”, defendeu.
Dirigente da APLB de Feira de Santana e presidenta da UBM no município, a professora Laís Carvalho lembrou que 53% dos municípios só abordam a questão racial no 20 de Novembro. “É importante fazer educação antirracista e antimachista nas escolas, pois questões educacionais, também, impactam no mercado de trabalho”, frisou.
Segundo a ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia, Naira Gomes, colocou a instituição aberta para as trabalhadoras demandarem seus pleitos. “Vamos fortalecer nossos espaços e construir pontes de diálogos e novos caminhos para melhorar a vida das mulheres no estado”, apontou.
RIVALIDADE FEMININA É MITO?
Outro tema debatido na parte da manhã foi sobre a polêmica rivalidade feminina. Quem palestrou foi Rosemeire Correia, vice-presidenta do Sindicato dos Comerciários de Salvador e dirigente da CTB.
Formada em psicologia, Rosemeire explicou que homens também rivalizam. “É algo do ser humano, mas que colocar como marca das mulheres é uma visão machista. Todas nós temos direito de disputar espaços na sociedade. É justamente o ambiente competitivo dessa sociedade que forma a cultura de rivalidade, que impacta homens e mulheres. O mais importante é aprendermos a nos acolher e nos ajudar para avançarmos em mais conquistas femininas”, destacou.
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