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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Vinícola com trabalho escravo tinha selo de “ótimo lugar para trabalhar”

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Aurora possuía a certificação “Great Place to Work”; a Salton é signatária do Pacto Global da ONU que tem como base o trabalho digno para todos

O que define um “ótimo lugar para trabalhar”? Definitivamente a vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS), flagrada por utilizar trabalho análogo à escravidão não seria este lugar.

No entanto, a Aurora ostentava a certificação “Great Place to Work” (em português “ótimo lugar para trabalhar”).

E o que se espera de uma empresa signatária do Pacto Global da ONU que tem como base o “trabalho digno para todos”? Com certeza não é o que se verificou na vinícola Salton, que aderiu ao Pacto, mas foi uma das empresas que tiveram funcionários resgatados de suas lavouras.

Estas contradições observadas pela Repórter Brasil escancaram a desfaçatez dessas empresas que colocarem o lucro acima de tudo. Para isso até mesmo se utilizaram de certificações, selos e compromissos como boas empregadoras para valorizarem as marcas e, consequentemente, os produtos que comercializam.

Enquanto as marcas buscavam valorização, os contratados pela terceirizada para realizar serviços para as vinícolas eram submetidos ao trabalho análogo à escravidão.

Com a verdade exposta, a Aurora e Salton, junto com a vinícola Garibaldi, foram condenadas a pagar indenização por danos morais individuais e coletivos de R$ 7 milhões.

Mas apesar disso, a mancha na reputação das empresas permanece e a descoberta da certificação “Great Place to Work” (GPTW) mostra que qualquer um pode possuir o selo desde que desembolse uma certa quantia.

GPTW

A sigla GPTW, que se refere a um “ótimo lugar para trabalhar”, é oferecida por uma empresa que está presente em mais de 90 países e serve como selo utilizado como propaganda para atrair novos funcionários e evidenciar quem o possui.

Segundo a reportagem, mais de 2.300 companhias no Brasil já foram certificadas, assim como a Aurora. Porém a vinícola teve a suspensão temporária da certificação após o escândalo.

A dona da marca GPTW cobra até R$4.500 mensais por um pacote de certificação, que pode trazer pesquisas de opinião, inclusão em rankings e exposição da marca.

Pacto Global

Ao se tornar signatária do Pacto Global da ONU, a Salton compactuou com um documento que fala em “tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna”.

A assessoria da iniciativa informou que repudia qualquer violação de direitos humanos e que a adesão ao Pacto não é selo ou chancela. Para a reportagem a Salton disse ter informado os responsáveis do Pacto Global sobre o caso de trabalho escravo e que está no plano de ação da empresa a implementação e ações que envolvam questões sociais.

www.vermelho.org.br/Com informações Repórter Brasil

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