Do total de consumidores com dívidas atrasadas, 30,3% são mulheres. “Quem tem dívidas mais antigas segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência, em função dos juros elevados”, destaca a Confederação Nacional do Comércio
Na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a pesquisa sobre endividamento e inadimplência da Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada nesta terça-feira, 8 de março, mostra que a proporção de endividados aumentou no mês de fevereiro e foi puxada pelas mulheres. Dentre o público feminino, 79,5% estavam com dívidas contra 77,2% dos consumidores do gênero masculino.
De acordo com a pesquisa, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) cresceu 0,3 ponto percentual em fevereiro, alcançando 78,3% das famílias no país. Desse total, 17,1% consideravam-se muito endividadas.
As mulheres concentram suas dívidas nas modalidades onde os prazos são mais curtos, mas os juros estão mais elevados, como o cartão de crédito. Segundo o Banco Central, o juro no rotativo do cartão de crédito iniciou o ano com a taxa acima de 411% a.a.
Com os juros altos consumindo a renda apertada e os preços dos alimentos ainda em níveis elevados, o uso do cartão de crédito é a saída para muitas mulheres no seu dia a dia junto à família. Não à toa, que 86,5% das dívidas da mulheres são com o cartão de crédito. Em menor proporção estão as dívidas com lojas e consignado, com os juros ainda em patamares elevados. Já os homens estão mais endividados com financiamento de carros, casa, cheque pré-datado, crédito pessoal.
Na comparação anual, o volume de famílias com dívidas atrasadas aumentou em todas as faixas
de rendimentos, representando 29,8% do total de famílias.
Em janeiro, segundo a pesquisa, 30,3% do total de consumidores com dívidas atrasadas eram mulheres, enquanto 29,1%, homens.
“Quem tem dívidas mais antigas segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência, em função dos juros elevados”, assinalou a CNC. “A proporção de consumidores sem condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores chegou a 11,6% do total, estável em relação a janeiro, mas a proporção mais alta desde outubro de 2020. Mesmo com as renegociações, a cada 100 consumidores inadimplentes, 44 chegaram em fevereiro com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso nos pagamentos foi de 62,7 dias, o maior desde janeiro de 2021”, esclareceu a entidade.
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