A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) pede a união dos sindicalistas de todo o país para pressionar e exigir do governo federal a implementação do salário mínimo de R$ 1.343. O reajuste de 10,7% proposto pela CTB contempla a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – estimado em 5,8% em 2022 –, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,6%, em 2020 – antes da pandemia.
“É preciso que vocês aprendam a fazer muita pressão, se não a gente não ganha isso. Vocês têm que fazer pressão em cima do governo, porque, se vocês não fizerem pressão, a gente pensa que vocês estão gostando. […] É exatamente porque o Lula é presidente que vocês têm que fazer pressão”, admitiu o próprio presidente Lula, no encontro com representantes das centrais sindicais, na última quarta-feira (18), em Brasília.
Apesar de divergências na equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, que propôs um aumento de 7,4%, (R$ 1.302), sob argumento de que “o governo Lula será pautado pela estabilidade fiscal e social”, o presidente da CTB, Adilson Araújo, lembrou no evento que a responsabilidade fiscal não pode ser entendida como inimiga da responsabilidade social.
“A responsabilidade fiscal não pode ser o custo do maltrato ao povo pobre, ao povo indigente, ao povo que padece de insegurança alimentar, o povo que não tem um prato de comida para se alimentar. O custo fiscal precisa ser um esforço combinado, de um Brasil atrasado, mas que tem uma dívida de construir um pacto com o seu povo, que pressupõe a construção de uma política que reponha não só a necessidade de recompor a inflação, mas sobretudo permitir o ganho real com aumento da variação do PIB [Produto Interno Bruto]”, defendeu o dirigente.
Atualmente, o salário mínimo brasileiro ocupa a vergonhosa penúltima posição em um ranking de 31 países. De acordo com o levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil está atrás de outros vizinhos da América Latina, menos pujantes economicamente, como Colômbia e Chile.
“O incremento do salário mínimo tem um fator estratégico decisivo para o nosso programa. É por isso que eu penso que nós temos que fazer o bom combate. O debate do salário mínimo não pode ser pautado pelo ‘deus mercado’, mas sim por quem depende do salário mínimo, quem não consegue mais fazer o supermercado”, salientou Adilson.
O grupo de trabalho que irá elaborar a proposta de recriação da Política de Valorização do Salário Mínimo, extinta pelo governo Bolsonaro em 2019, terá um prazo de 90 dias para formular um cálculo permanente para o piso nacional. Fazem parte da equipe os ministérios do Trabalho e Emprego, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Previdência Social, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e a Secretaria-Geral e Casa Civil da Presidência. Segundo Lula, as centrais sindicais serão ouvidas na construção do projeto.
Ainda não foi firmado um prazo para a oficialização do novo valor do salário mínimo.