A renda média domiciliar per capita dos 40% mais pobres nas regiões metropolitanas do Brasil chegou a R$ 251 no terceiro trimestre deste ano, ficando 22% abaixo do pico da série histórica do levantamento iniciada em 2012.
Os números são da 11ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles do laboratório de estudos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em parceria com o Observatório das Metrópoles e Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina a (RedODSAL).
No quarto trimestre de 2013, a renda média por pessoa dos 40% mais pobres era de R$ 323, valor máximo da série. O Boletim também registrou que no terceiro trimestre de 2022, o rendimento da classe média foi estimado em R$ 1.470, ficando 2,3% abaixo do pico da série histórica. A máxima, de R$ 1.505, foi verificada no quarto trimestre de 2014.
O estudo reúne dados de 22 regiões metropolitanas do país, que tem como base microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, analisa o comportamento da renda do trabalho em termos reais (corrigida pela inflação), não considerando fontes de benefícios sociais, como a ajuda financeira prestada pelo Bolsa Família, por exemplo.
A renda dos mais pobres, assim como a da chamada classe média, está em ritmo cadente desde a crise econômica iniciada em 2014, a partir da política econômica contracionista, o chamado “ajuste fiscal”, que perdura até os dias atuais, com outros nomes e outros formatos mais agressivos (vide a regra do teto de gastos), mas com a mesma substância que visa controlar os gastos públicos em desfavor do crescimento econômico do país. Para isso, instalam-se metas fiscais, de inflação etc., que consistem na prática no corte de investimentos públicos e de manter os juros altos – para proteger e turbinar – via juros – os ganhos dos detentores dos títulos da dívida pública (banqueiros, rentistas e especuladores estrangeiros).
Com este receituário neoliberal, a economia brasileira mergulhou no poço da recessão, obtendo em alguns momentos variações de crescimentos baixos, mas que não se sustentam por muito tempo (o chamado voo de galinha). Em um quadro de escassez de investimentos tanto do lado do setor público como do setor privado – que está travado pelos juros altos, o desemprego e a informalidade do trabalho (os famosos bicos) dispararam no país, empurrando para baixo os salários.
De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, cerca de 9 milhões de brasileiros estavam em busca de emprego no país no trimestre móvel de agosto a outubro deste ano. Neste período, outros 4,2 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos (chamada de população desalentada).
Por sua vez, o número de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas foi de 6,0 milhões nesse período. Já a taxa de informalidade, que inclui os que trabalham sem carteira e os que exercem atividades consideradas “bicos”, foi de 39,1%, ou 39 milhões de pessoas.
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