Em Salvador o Grito dos Excluídos será no Campo Grande a partir das 8h30.
As comemorações oficiais do Bicentenário da Independência começaram de modo curioso, com a chegada do coração de D. Pedro I. O gesto indica uma valorização da historiografia oficial e dos “heróis” que estampam monumentos pelo país. Mas, há 28 anos, um movimento se organiza para dar voz a quem não teve desde o famoso Grito do Ipiranga.
Na série de reportagens especiais sobre o Bicentenário da Independência, a Sputnik Brasil conversou com integrantes da coordenação do Grito dos Excluídos e com historiadora sobre a exclusão no processo de independência, as articulações feitas pelos movimentos sociais para a data, as celebrações oficiais que estão sendo organizadas e a conjuntura política nacional.
O Grito dos Excluídos surge nos anos 1990 como uma forma de contraponto à narrativa oficial e a celebrações do 7 de Setembro de um país que, segundo os movimentos que constroem a iniciativa, nunca se tornou totalmente independente. Esse grito começa a ecoar a partir de uma campanha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e é mantido desde então pela CNBB e por movimentos sociais.
“O Grito vem há 28 anos discutindo essa soberania, essa ‘independência’ que, na verdade, não se reflete para todos. Essa independência só se reflete para parte da sociedade. As desigualdades estão aí, são visíveis. A exclusão só tem aumentado, basta olhar o número de pessoas desempregadas, subempregadas e informais, a situação das mulheres, da fome. Então, é com esse conjunto de elementos que o Grito debate e promove as mobilizações neste Bicentenário”, aponta Wansetto.