Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Fome: consumo de gás de cozinha cai e é o pior em 9 anos

Foto: Observatório Social do Petróleo (OSP)
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Queda foi de 4,5% no 1º semestre. Em doze meses até agosto, preço do botijão acumula alta de 19%

O consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre de 2022 e registrou o pior desempenho desde 2014, segundo um levantamento feito pelo Observatório Social do Petróleo (OSP), com base em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De janeiro a junho, as vendas de botijões de gás liquefeito de petróleo(GLP) de até 13 quilos, conhecido popularmente por gás de cozinha, tiveram uma queda de 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com a criação do Auxílio Gás pelo Congresso Nacional para diminuir o efeito do preço do produto, medida que entrou em vigor no final do ano passado.

O maior impacto aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, com redução de 5,9% e 5,7% no consumo do primeiro semestre, respectivamente. Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os estados mais afetados, com diminuição de venda de botijões de quase 8%. Em São Paulo, a queda foi de 5,9%, e no Rio, de 4,2%.

O preço do botijão acumula alta de 18,96% nos últimos 12 meses até agosto, superando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, que acumula alta de 9,60% no mesmo intervalo de tempo.

A alta no preço do botijão reflete a política do governo Bolsonaro de manter os preços dos produtos da Petrobrás fixados aos preços internacionais do petróleo e seus derivados, a cotação do dólar e aos custos do importador: conhecida por Preço de Paridade de Importação (PPI).

O limite do ICMS entre 17% a 18%, criado e aprovado pelo governo Bolsonaro às vésperas das eleições, não teve impacto significativo no preço do gás. Na semana encerrada em 5 de janeiro de 2019, o preço médio nacional do botijão era de R$ 69,34, segundo a ANP. De lá para cá, o preço médio do gás de cozinha chegou a R$ 110, segundo os últimos dados atualizados pela agência. Durante este ano, em algumas regiões do país o preço do botijão chegou a custar até R$ 160.

“Essa queda [do consumo] ocorre tanto por conta do preço elevado do botijão, quanto pela crise econômica. Neste primeiro semestre, o GLP foi vendido em média por R$ 110,36 (em valores deflacionados para julho de 2022), preço 40% superior à média real do restante da década verificada”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Com a renda esmagada pela inflação e a falta de reposição dos salários, as famílias estão recorrendo ao cartão de crédito e parcelando a compra do botijão de gás. A situação é pior para aquelas famílias que não têm renda nenhuma, pois a alternativa é o uso da lenha ou outros combustíveis, situação que coloca em risco a vida destas pessoas, por riscos de queimaduras graves e incêndios.

Desde 2018, a partir da escalada do valor do gás, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). “Em 2021, o consumo de lenha foi o maior em mais de uma década, de acordo com levantamento da EPE. O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o auxílio gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema”, destaca Gil Dantas.

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