Sementes transgênicas fazem parte de um pacote de produção que necessita de fertilizantes e agrotóxicos
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Introduzidos no Brasil em 2003, os transgênicos são criados com a inserção de uma parte do código genético de uma espécie em outra, com o objetivo de criar na espécie resultante certas características desejadas, como maior crescimento e maior resistência a pragas. A maior parte das sementes transgênicas, desenvolvidas por gigantes mundiais do agronegócio, são protegidas por patentes.
O Brasil é o segundo país do mundo que mais utiliza essa forma de modificação genética na agricultura, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
Quase metade da área destinada à agricultura no país tem lavouras transgênicas. De acordo com dados da Consultoria Céleres, mais de 95% da produção nacional de soja vem de sementes transgênicas, seguida pelo algodão e pelo milho, com 89% e 88% de produção geneticamente modificada, respectivamente.
Apesar de representar uma larga fatia da produção nacional, o plantio de transgênicos pode apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente. Isso acontece porque, em geral, elas fazem parte de um pacote completo de produção elaborado pelas empresas, que inclui fertilizantes e agrotóxicos. Sem esses produtos, a lavoura não prospera.
Os transgênicos podem ser encontrados sobretudo em produtos ultraprocessados, como salsichas, bolachas, biscoitos, salgadinhos, entre outros, e também vendidos in natura.
Existe um conjunto de normas que impõem a obrigatoriedade da identificação dos transgênicos nas embalagens dos produtos, por meio de um triângulo amarelo com um T, para que sejam facilmente identificáveis.
A nutricionista e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Mariana Garcia, afirma que “o consumidor tem o direito de saber o que come. E a rotulagem é fundamental, pois fornece informações que possibilitam a ele exercer seu direito de escolha na hora da compra”.
Quais os riscos à saúde e ao meio ambiente?
Segundo o Idec, ainda que os estudos sejam escassos, já se sabe que os transgênicos podem causar alguns riscos à saúde humana, como o aumento das alergias. Um estudo realizado na Inglaterra mostrou que uma variedade transgênica de soja poderia causar 50% a mais de alergia do que a soja não transgênica.
Segundo documento divulgado pelo Greenpeace, outro perigo é o aumento da resistência aos antibióticos. Uma forma de produção de transgênicos consiste na inserção de genes de bactérias resistentes à antibióticos no DNA das plantas, o que pode provocar o aumento da resistência a antibióticos nos seres humanos.
Outro risco está relacionado às toxinas presentes em genes de plantas e insetos, que podem aumentar desproporcionalmente com a inserção em alimentos. Segundo o Idec, “estas substâncias estão entrando nos alimentos com muito menos avaliação de segurança que qualquer aditivo, corante, pesticida ou medicamento”.
Há, ainda, os riscos à saúde e ao meio ambiente causados pelos agrotóxicos. Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos em plantas, as pragas e as ervas-daninhas podem desenvolver a mesma resistência, tornando-se “super-pragas” e “super-ervas”. Com isso é necessário o uso de mais agrotóxico, o que representa maior quantidade de resíduos tóxicos nos alimentos, no solo e nas águas.
Outro problema é a possível contaminação de plantações não transgênicas com genes modificados. Isso pode acontecer por meio de insetos ou do próprio vento, que dissemina os pólens das plantas transgênicas.
www.brasildefato.com.br/Mariana Lemos