Com carestia e desemprego elevado, 45% da população está nessa situação, diz pesquisa do Ipec
Com inflação corroendo as rendas, quase a metade da população brasileira faz “bicos” para complementar os salários. A informação é de pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis realizada em abril de 2022 e recém-divulgada.
Na pesquisa, 45% dos entrevistados afirmaram que fazem ou fizeram trabalhos extras nos últimos 12 meses para complementar as rendas diante de um cenário de encarecimento do custo de vida, que atinge sobretudo os alimentos. Entre as atividades mais comuns estão bicos com faxinas, manutenção, transporte e serviços gerais.
Dos entrevistados, 13% prestaram serviços em residências de terceiros, com faxina, manutenção ou serviços conhecidos como “marido de aluguel”.
Em segundo lugar no ranking do estudo, está a produção de alimentos em casa para vender, com 8%. A terceira opção mais popular para obter renda extra é anunciar roupas e outros artigos usados para a venda, como fizeram 6% dos brasileiros.
As regiões onde mais brasileiros recorrem aos biscates para conseguir uma renda extra são Norte e Centro-Oeste, onde quase 48% da população fez algum tipo de serviço informal nos últimos 12 meses.
Cada vez uma alternativa mais comum aos brasileiros – boa parte já trabalhando na informalidade – esse é o caso de Martha Regina Cassiano dos Santos, recepcionista e moradora do bairro da Piedade, zona norte do Rio de Janeiro (RJ).
“Durante a pandemia, fui procurar um ramo de trabalho e consegui a vaga de recepcionista. Mas não tem como sobreviver com um salário de R$ 1.200, então preferi obter renda extra nos finais de semana fazendo faxina”, afirma para reportagem do UOL. O marido é soldador e, após o fim do expediente, vira mototaxista. “Nós dois trabalhamos mais de oito horas por dia. Ele sai do trabalho às 5 horas da manhã e só volta às 10 horas da noite. Nós perdemos a infância do nosso filho”, completa.
É VISÍVEL O AUMENTO DA FOME E DA POBREZA
A pesquisa também aponta que 75% dos brasileiros percebem o aumento da pobreza e da fome no país “visivelmente”.
O estudo aponta que 47% dos entrevistados têm visto ou conhecem uma pessoa com dificuldades para comprar comida, enquanto 37% perceberam o aumento da população de moradores de rua. Já 29% relataram ter observado o crescimento de ambulantes trabalhando em semáforos, e 17% disseram ter notado o aumento de barracos, favelas ou ocupações em seu município.
O povo não está enganado. No desgoverno Bolsonaro, imagens de pessoas revirando lixos ou esperando restos de alimentos em açougues e mercados têm chocado o país. De acordo estudo da rede Pennsan, 33 milhões de brasileiros vivem em 2022 em situação de insegurança alimentar, ou seja, com a fome batendo à porta.
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