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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Desindustrialização acelerou no País com golpe de Estado de 2016 e governo Bolsonaro

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Pesquisa do IBGE aponta que 2.865 fábricas fecharam as portas no primeiro ano da pandemia. Em dez anos, o setor perdeu 9.579 empresas e um milhão de trabalhadores

A desindustrialização no Brasil se acelerou nos últimos sete anos, agravando-se ainda mais desde que Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes abandonaram os setores da economia produtiva para privilegiar o capital financeiro. Concomitantes, financeirização e desmonte do parque industrial fecharam as portas de milhares de fábricas e desempregaram um milhão de trabalhadores nos últimos dez anos.

Desde 2011 até 2020, a indústria perdeu 9.579 empresas, ou 3,1% do total, aponta a Pesquisa Industrial Anual (PIA): Empresa e Produto 2020. Apenas entre o primeiro e o segundo ano de Bolsonaro (2019/2020), 2.865 empresas encerraram as atividades enquanto Guedes cortejava seus pares no mercado financeiro.

O estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela ainda que, em 2020, o país tinha 303,612 mil empresas com uma ou mais pessoas ocupadas. Com 6,3 mil indústrias extrativas e 297,3 mil indústrias de transformação.

Em comparação a 2019 (306.477 empresas), a queda do número de empresas foi de 0,9% – 0,8% nas indústrias extrativas e 0,9% nas indústrias de transformação. Após esse sétimo recuo anual consecutivo, o setor atingiu o menor patamar da série histórica desde 2010, quando 299.862 empresas industriais mantinham suas atividades.

O maior patamar foi atingido sob o Governo Dilma Rousseff, em 2013, quando o setor bateu recorde, tanto do número de indústrias quanto de mão de obra ocupada (334,9 mil empresas e 9 milhões de empregados). Desde 2013, a queda é de 9,4% no número de empresas (31,4 mil) e de 15,3% das vagas oferecidas.

Em 2020, a indústria ocupava 7,652 milhões de pessoas, das quais 97,4% operavam nas indústrias de transformação. Entre 2011 e 2020, o setor perdeu um milhão de trabalhadores (-11,6% do total), sendo 5.747 vagas nas indústrias extrativas e 998.200 nas indústrias de transformação. Das 29 divisões da Indústria, nove perderam pessoal.

Nesses dez anos, foram mais atingidos os “setores que provavelmente enfrentam de forma mais intensa mudanças estruturais relacionadas, por exemplo, à evolução da tecnologia, à forte concorrência com o setor externo e à dependência do consumo interno”, afirma o texto de apresentação do relatório.

 

Porte médio e salários das empresas sofreram queda

 

O porte médio das empresas caiu de 28 para 25 empregados. As indústrias extrativas permaneceram com a média de 32 pessoas em 2011 e em 2020. Nas indústrias de transformação, a média caiu de 28 para 25 pessoas.

O salário médio na Indústria também caiu, de 3,5 salários mínimos para 3,0 s.m, nesses dez anos. Ante 2019, o salário médio caiu de 3,2 para 3,0 s.m. Nas indústrias extrativas, se manteve em 4,6s.m. e nas indústrias de transformação, caiu de 3,1 para 2,9 s.m.

Mesmo pagando salários mais elevados, as Indústrias extrativas sofreram redução no salário médio, de 6,1 s.m. em 2011 para 4,6 s.m. em 2020. Nas Indústrias de transformação, o salário médio caiu de 3,5 s.m. em 2011 para 2,9 s.m. em 2020.

As empresas geraram R$ 4,0 trilhões de receita líquida de vendas (R$ 274,6 bilhões na indústria extrativa e R$ 3,7 trilhões na indústria de transformação) em 2020. Já a participação da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias na receita líquida da indústria (7,1%) caiu 4,9 pontos percentuais em 2020. Com isso, o ramo caiu da segunda para a quarta posição no ranking.

“O comportamento do setor automobilístico está relacionado ao fato de que outros setores cresceram mais, além da própria redução do setor. É uma atividade que já vem enfrentando crises sucessivas com motivações diferentes desde 2009”, explica a gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana.

“Em 2011, tinha uma participação de 12%, mas foi tendo reduções, especialmente no biênio 2015/2016 em que chegou a 8,2 e 8,1%, até cair ao ponto mais baixo da série para 7,1% em 2020”, arremata a pesquisadora.

Como causa principal do recuo geral da indústria na última década, Synthia resume: “Foi uma sucessão de crises”. A começar pela recessão de 2015 e de 2016, que desacelerou a economia nos anos seguintes. “Vimos uma tendência de redução do número de empresas desde 2014, início da crise”, prossegue a pesquisadora.

Aquele também foi o ano do início da operação Lava Jato, que fez o Brasil perder R$ 172,2 bilhões em investimentos e 4,4 milhões de empregos, conforme pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em 2015, os derrotados no ano anterior reforçaram a depauperação econômica com as pautas-bomba e outras ações de sabotagem oriundas do Congresso Nacional. As medidas do usurpador Michel Temer e o completo descaso de Bolsonaro/Guedes com a indústria completaram o serviço.

O abandono de bem-sucedidas políticas organizadoras da atividade produtiva dos governos petistas afugentou investidores e afundou a indústria nacional em um atoleiro. Gigantes multinacionais do setor se despediram do Brasil nos últimos três anos.

Após a supressão de iniciativas e investimentos federais ocorrida sob Michel Temer, o desgoverno Bolsonaro agravou deliberadamente o abandono da indústria transferindo responsabilidades para o mercado. A ausência do Estado levou ao vácuo de propostas e projetos para o país que marca o último ano de Jair Bolsonaro no Planalto. Como “legado”, a transformação do Brasil em “patinho feio” dos investidores estrangeiros.

O alto desemprego e o arrocho salarial criados pela “reforma trabalhista” de 2017 também se agravaram sob Bolsonaro. Como resultado, foi afetada a capacidade de consumo das famílias, reduzida a demanda da sociedade, aniquilada o dinamismo da atividade produtiva e retroalimentada a queda de empregos e de renda.

Ao fim do primeiro trimestre de 2022, a produção industrial ainda patina em patamares inferiores aos já medíocres níveis pré-pandemia. Em março deste ano, o setor ficou 2,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020 e 18,5% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011, sob Dilma Rousseff, aponta a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE.

Em suas entrevistas, Luiz Inácio Lula da Silva vem destacando a importância dos investimentos públicos para reativar a depauperada economia nacional. “Para se transformar em um país industrial, é preciso que você faça investimento em ciência e tecnologia, é preciso que você faça mais universidades, mais escolas técnicas. Isso acabou”, lamentou Lula em entrevista para a Rádio Conexão 98 de Palmas (TO).

“Não existe política de desenvolvimento do Bolsonaro, o que existe é uma política de venda daquilo que foi construído ao longo de tantos e tantos anos porque não tem política de desenvolvimento, não tem projeto industrial. O problema é que como não tem governo, não tem projeto, então não tem investimento”, finalizou Lula.

www.brasilpopular.com/do PT Brasil com informações de Agência IBGE

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